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O menino Hugo Ronca Cavalcanti, de 12 anos, foi enterrado na tarde do último domingo no Cemitério Parque da Colina, em Niterói.

  • Data :11/12/2007
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Enterrado corpo de menino morto por um tiro em clube no Alto Leblon

Marcelo Gomes - Extra; O Globo; O Globo Online

RIO - O menino Hugo Ronca Cavalcanti, de 12 anos, atingido por um tiro quando jogava futebol no Clube Federal, no Alto Leblon, foi enterrado na tarde deste domingo no Cemitério Parque da Colina, em Niterói. Cerca de 200 pessoas compareceram ao sepultamento. Hugo faleceu às 17h50m de sábado, após ficar uma semana internado em estado grave na UTI do Hospital Miguel Couto com um tiro na cabeça.

A polícia ainda não esclareceu de onde partiu o disparo que atingiu Hugo. O menino foi ferido no sábado à noite, dia 1º de dezembro, enquanto jogava bola no clube, na Zona Sul do Rio. Ele chegou desacordado ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, onde foi operado, mas os médicos não conseguiram retirar a bala. O menino permaneceu em coma mesmo após a suspensão dos sedativos que estavam sendo administrados pelos médicos após uma cirurgia.

O menino, que morava em Niterói com a família, estava no clube para uma festa de aniversário. A família dele se mudou havia pouco tempo do Alto Leblon para Itaipu, Região Oceânica de Niterói, justamente para fugir da violência.

O crime vem sendo investigado pela 14ª DP (Leblon). As duas hipóteses mais prováveis são de que o tiro tenha sido disparado de um prédio vizinho ou da favela Chácara do Céu. Moradores da região contaram que a favela foi invadida por traficantes este ano. O clube também vinha recebendo reclamações de vizinhos relacionadas a barulho na quadra.

  • Não houve qualquer ligação ao Disque-Denúncia e todas as pessoas que ouvimos dentro e fora do clube afirmaram que não ouviram nada. Isto é um indicativo de que o disparo não foi feito de perto, mas só o resultado da balística vai confirmar ou não isto - disse na sexta-feira o delegado Rafael Meneses.

Na terça-feira, a polícia fez a reconstituição do caso. A partir da posição em que o menino estava, concluiu que a bala veio da parte da frente do clube.

Especialistas tentam definir calibre da arma que foi usada

Uma junta especial, com a participação de um especialista em armas do Exército e um catedrático em física da UFRJ, se reúne na próxima segunda-feira no Instituto de Criminalística Carlos Éboli para analisar o laudo radiológico do Instituto Médico-Legal e os laudos de tomografia do Hospital Miguel Couto. O objetivo é tentar definir o calibre do projétil.

O laudo radiológico do IML concluiu que o projétil tem 9 milímetros de largura e 17 milímetros de comprimento. No entanto, segundo os peritos, só após o cruzamento desse dado com o do laudo médico da tomografia, será possível dizer com exatidão o calibre da arma. Os técnicos estranharam o fato de o projétil continuar inteiro, mesmo após o impacto contra a cabeça da vítima.

Atordoados pela tragédia, os parentes do menino rezavam e apelavam para a solidariedade da população. A madrinha e uma prima do estudante conversaram com O GLOBO ONLINE depois de enviarem mensagens para a área de comentários de notícias do site.

A violência que cruzou o caminho de Hugo no último fim de semana já assustava seus parentes. No comentário enviado ao site, Dora conta por que vive em Brasília desde o ano passado: “Nos últimos 5 anos em que morei no Rio, vi ladrão assassinado no ponto de ônibus, no horário em que levava filho à escola, e loja sendo roubada às 10 horas da manhã no período de Natal. Fatos que me deixavam assustada com a violência, mas que dizem ser normal em cidade grande. Absurdo total, achar isso normal! Agora, o que estava próximo atingiu minha família”.

Pelo menos 253 famílias viveram este ano drama semelhante ao da família do menino. Estatísticas do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro revelaram que, de janeiro a junho deste ano, 170 pessoas foram vítimas de balas perdidas no Rio, um aumento de 45% em relação ao mesmo período de 2006.

Notícia publicada em O Globo Online , em 09/12/2007.

Sergio Rodrigues comenta*

A fé que essa família demonstrou enquanto sustentou expectativa de que o menino se salvasse é um grande exemplo de prática cristã. Comumente, em situações semelhantes, o que se pensa, antes de tudo, é na punição do culpado. Quando não se fala em vingança. Muitas das vezes, deixa-se de mobilizar esse instrumento poderoso, que é a prece, para se dirigir toda a força do pensamento ao julgamento do culpado. Ou melhor, quase sempre, à condenação, antes mesmo do julgamento do ofensor.

Ao invés de concentrar suas forças nessa direção, a família mobilizou as energias de que dispunha na intenção de ver salvo o menino atingido pela bala indesejável. Toda a força psíquica foi empregada em favor da recuperação do familiar querido, deixando-se de lado, pelo menos naquele primeiro momento, o desejo de ver realizada a justiça punitiva. Essa força psíquica manifestada através da prece não foi inútil, apesar do resultado não ter sido o pretendido. Esse espírito precisava passar por essa prova e não havia como fugir. Mas a prece sincera a que se entregaram seus familiares, certamente, não se perdeu e chegou até ele. Sem dúvida, esse espírito foi fortalecido, a fim de que possa suportá-la com coragem e resignação. Certamente, está sendo socorrido pelos benfeitores do mundo maior, que empregarão os meios magnéticos de que dispõem para que recupere o equilíbrio espiritual o mais breve possível.

Só resta a todos nós, que acompanhamos o drama vivenciado por essa família, somar nossos pensamentos a essa corrente de energias, pois a prece coletiva, ainda que nos encontremos fisicamente distantes, produz uma grande força magnética capaz de confortar e servir como um refrigério para o espírito por quem se ora. A união de pensamentos num só sentido forma como que um feixe poderoso, que tanto mais força terá quanto mais gente se unir com a mesma intenção. No plano terreno, a questão da apuração do responsável por esse ato pode ou não resultar em punição do culpado. Mas a Justiça Divina não se furtará e, diferente das leis humanas, far-se-á incidir, cedo ou tarde, independente da ação e até da vontade dos homens.

Oremos todos por esse espírito e, também, por esses familiares, rogando ao Alto que lhes dê força e resignação para suportarem essa prova, que é deles também. Que tenham a compreensão de que o resultado final, se não foi o esperado, está refletindo a vontade de Deus, que se expressa através de suas Leis justas e soberanas. Que tenham misericórdia do ofensor, pois, como ensinou Jesus, “se perdoardes aos homens as faltas que cometem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados.”

*Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.