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  • Mísseis x antimísseis: o que está em jogo na troca de ameaças entre Coreia do Norte e EUA?

As ameaças cruzadas entre Coreia do Norte e Estados Unidos têm como protagonistas o míssil norte-coreano Hwasong-12 e os antimísseis americanos SM-3 e THAAD. Jorge Hessen comenta.

  • Data :12 Sep, 2017
  • Categoria :

UOL

Em Seul

As ameaças cruzadas entre Coreia do Norte e Estados Unidos têm como protagonistas o míssil norte-coreano Hwasong-12 e os antimísseis americanos SM-3 e THAAD:

O míssil norte-coreano: Hwasong-12

O Exército norte-coreano explicou que o seu projeto, no qual fará os últimos ajustes em meados de agosto, implicava em quatro mísseis Hwasong-12 que cairão a 30 ou 40 km de Guam.

Em um primeiro teste, em maio, este míssil de médio alcance (IRBM) percorreu 787 km. Foi lançado com um ângulo elevado e, segundo os especialistas, com um alcance máximo de 5.000 km.

O que coloca Guam, a 3.300 km das bases de mísseis norte-coreanas, ao seu alcance.

Especialistas descartam a possibilidade de que os mísseis possam falhar em seu objetivo, e advertem que estes poderiam cair na própria ilha.

Talvez o Hwasong-12 não seja o míssil mais preciso - tem uma tecnologia militar similar à da União Soviética nos anos 1970 - mas “pode falhar em seu objetivo, no máximo, em cinco quilômetros”, indicou à AFP o pesquisador do fórum sobre Defesa e Segurança KODEF Yang Uk.

Diante das distâncias de voo anunciadas por Pyongyang, “o risco de atingir a ilha acidentalmente parece mais baixos, por enquanto”.

O interceptador número 1: SM-3

Em caso de lançamentos efetivos, serão colocadas à prova as capacidades balísticas americanas na região.

O Japão advertiu que derrubaria qualquer míssil norte-coreano que ameaçasse o seu território. Tanto Tóquio como Washington contam com um sistema de mísseis interceptadores Standard Missil-3 (SM-3).

Este sistema usa a força bruta - o equivalente a um caminhão de 10 toneladas lançado a 1.000 km/h - para destruir o seu alvo, se chocando contra ele. Pode sair da atmosfera terrestre e interceptar mísseis balísticos a grande altitude.

A fabricante, Raytheon, compara esta técnica com a de “interceptar uma bala com outra bala”.

“Se os mísseis atacarem Guam, os Estados Unidos agirão, é natural”, considera o especialista em temas de Defesa e professor da Universidade Takushoku, Takashi Kawakami.

“Japão e Estados Unidos atuam juntos. A probabilidade de uma interceptação deve aumentar”, explicou à AFP. “Mas também é possível que certos mísseis falhem”.

O Japão dispõe do sistema antimísseis Patriot, que pode ser utilizado em menor altitude.

O interceptador número 2: THAAD

Washington colocou o potente escudo antimísseis Terminal High Altitude Area Defense (THAAD) na região Ásia-Pacífico, incluindo Coreia do Sul, Japão e Guam.

Como o SM-3, o sistema utiliza a energia cinética do interceptador para destruir o seu objetivo, com a força do impacto, e foi testado com sucesso contra um IRBM pela primeira vez em julho, no Alasca.

Mas a interceptação acontece na fase “terminal” do voo e é pouco provável que as baterias instaladas na Coreia do Sul e no Japão sejam eficazes.

Segundo os especialistas, para o escudo de Guam pode ser difícil neutralizar o ataque de quatro mísseis simultâneos.

“Quatro alvos ao mesmo tempo prometem ser divertidos”, tuitou Jeffrey Lewis, do Instituto Middlebury de estudos internacionais, da Califórnia. “Eu acrescentaria um ou dois Aegis”, acrescentou, em alusão ao sistema de defesa que incorpora os navios americanos e japoneses, e que inclui o SM-3.

Notícia publicada no BOL Notícias , em 10 de agosto de 2017.

Jorge Hessen* comenta

O Japão tem advertido que derrubaria qualquer míssil norte-coreano que ameaçasse o seu território. Tanto Tóquio como Washington contam com um sistema de mísseis interceptadores. Mas a interceptação acontece na fase “terminal” do voo na região Ásia-Pacífico, incluindo Coreia do Sul, Japão e Guam e é pouco provável que as baterias instaladas na Coreia do Sul e no Japão sejam eficazes.

Nesse tétrico cenário de guerra, sabe-se que Donald Trump é apaixonado pelas guerras, incluindo as armas nucleares. Tem prometido instituir leis e ordens “fortes”, “rápidas” e “justas”. Em verdade, nosso planeta jaz na UTI. Os governantes atuais permanecem moral e espiritualmente seriamente enfermos.

Há milênios entronizamos o debate sobre a razão humana, e permanecemos na guerra da destruição quais irracionais; exaltamos as mais elevadas demonstrações de inteligência, porém engendramos todo o conhecimento para os impiedosos massacres humanos. Em 2016, a Rússia mostrou um novo míssil nuclear que supostamente poderia devastar uma área do tamanho do estado do Texas, nos Estados Unidos.

No início de outubro de 2016, 40 milhões de cidadãos russos participaram do maior “teste” nuclear desde o fim da Guerra Fria, usando máscaras de gás e se preparando para fugir para bunkers. As tensões entre a Rússia e os Estados Unidos têm se mantido altas desde que os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções econômicas ao país devido às ações da Rússia na Ucrânia em 2014.

O General Richard Shirreff, comandante supremo da OTAN na Europa entre 2011 e 2014, descreveu a guerra nuclear com a Rússia em 2017 como algo “inteiramente plausível”. Cristina Varriale, do Royal United Service Institute (RUSI), disse ao The Sun que Putin está “pronto” para colocar as forças nucleares russas em alerta.

Não desejando ser pessimista, porém, na qualidade de historiador, não posso deixar de refletir que há menos de 100 anos o mundo experimentou duas guerras devastadoras na Terra. Mas, reflitamos o seguinte, qual a base lógica que justifica uma guerra? Os Espíritos admoestam que a guerra é a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões.

Combates militares existem há mais de 5 mil anos, desde os primitivos embates entre os Mesopotâmios, entre gregos e persas, entre Atenas e Esparta, entre Roma e Cartago. O Século XX, recentemente findo, foi o século mais sangrento de todos os anteriores. Após a Segunda Guerra Mundial, já ocorreram centenas conflitos bélicos, resultando em mais de 40 milhões de mortos. Se contabilizarmos os resultados dessas paixões primitivas desde 1914, estes números sobem para 401 guerras e aproximadamente duzentos milhões de mortos, numa projeção bem superficial.

Ainda amargamos os disparates de uma soberaníssima tecnologia no campo bélico, do avanço da informática, do mapeamento dos genomas, das excursões espaciais, dos voos supersônicos, das maravilhas dos raios laser, ainda sobrevivemos com o massacre da dengue hemorrágica, com a chacina da febre amarela, com o desafio da tuberculose, com a provocação da AIDS e com todas as escandalosas invasões das drogas (cocaína, heroína, skanc, ecstasy, o crack, etc.).

Nesse funesto e real cenário planetário, a nossa esperança é a prática da mensagem do Cristo, que decididamente foi, é e sempre será o instrumento de pacificação entre os homens, sendo, portanto, o mais diligente convite contra a guerra e definitivamente o grande fanal para a redenção humana.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.