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  • Indiano abre estrada de 8 km a picareta para os filhos poderem ir e voltar da escola

O vendedor de hortaliças trabalhava cerca de oito horas por dia para remover as pedras e abrir o caminho, com o objetivo de reduzir o tempo gasto pelos filhos para ir e voltar da escola, localizada a 15 km. Paula Mendlowicz comenta.

  • Data :25/03/2018
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Durante dois anos, Jalandhar Nayak, de 45 anos, usou uma enxada e uma picareta para construir sozinho uma estrada de 8 km em um vilarejo remoto do Estado de Orissa, na Índia.

O vendedor de hortaliças trabalhava cerca de oito horas por dia para remover as pedras e abrir o caminho, com o objetivo de reduzir o tempo gasto pelos filhos para ir e voltar da escola, localizada a 15 km.

As três crianças costumavam levar três horas em cada sentido do trajeto em terreno montanhoso.

“Meus filhos tinham dificuldade de andar pelo caminho estreito e cheio de pedras”, disse Nayak ao jornal local News World Odisha.

“Com frequência eu os via tropeçando nas pedras. Decidi então esculpir uma estrada que passasse pela montanha, para que eles pudessem caminhar com mais facilidade.”

Ainda faltam 7 km de estrada para Nayak concluir sua empreitada. Mas a entrevista à imprensa local chamou a atenção das autoridades indianas, que prometeram construir o restante do trajeto e recompensar o vendedor pelo trabalho já realizado.

A notícia deixou Nayak “muito feliz” - ele aproveitou para pedir eletricidade e água potável para seu vilarejo. Segundo a imprensa indiana, apenas a família de Nayak vive na região - abandonada por outros moradores justamente por falta de infraestrutura.

O esforço do vendedor despertou admiração da população:

“Fiquei impressionado ao ver que ele foi extremamente cuidadoso (na construção) e se assegurou de que nenhuma árvore fosse derrubada para construir sua estrada”, afirmou Sibashakti Biswal, primeiro repórter a entrevistar Nayak.

A imprensa tem comparado Nayak a Dasharath Manjhi, conhecido como “homem da montanha de Bihar”, que passou 22 anos (de 1960 a 1982) construindo, por conta própria, uma estrada que atravessava montanhas e conectava sua aldeia à cidade mais próxima. O objetivo era evitar que sua mulher se ferisse no trajeto, até então perigoso.

Ele morreu em 2007 e teve um funeral com honras de chefe de Estado.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 20 de janeiro de 2018.

Paula Mendlowicz* comenta

“Narra-se que um sábio caminhava com os discípulos por uma estrada tortuosa, quando encontraram um homem piedoso que, ajoelhado, rogava a Deus que o auxiliasse a tirar seu carro do atoleiro. Todos olharam o devoto, sensibilizaram-se e prosseguiram. Alguns quilômetros à frente, havia um outro homem que tinha, igualmente, o carro atolado num lodaçal. Esse, porém, esbravejava reclamando, mas tentava com todo empenho liberar o veículo. Comovido, o sábio propôs aos discípulos ajudá-lo. Reuniram todas as forças e conseguiram retirar o transporte do atoleiro. Após os agradecimentos, o viajante se foi feliz. Os aprendizes surpresos, indagaram ao mestre: Senhor, o primeiro homem orava, era piedoso e não o ajudamos. Este, que era rebelde e até praguejava, recebeu nosso apoio. Por quê? Sem perturbar-se, o nobre professor respondeu: Aquele que orava, aguardava que Deus viesse fazer a tarefa que a ele competia. O outro, embora desesperado por ignorância, empenhava-se, merecendo auxílio”.

(http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=70 )

O indiano Jalandhar Nayak poderia ter ido embora de sua vila, assim como todos os outros fizeram, mas, ao invés disso, trabalhou incansavelmente, durante dois anos, para tentar resolver um problema que afligia sua família. Para cumprir seu papel de pai e garantir que seus filhos continuassem a estudar, ele trabalhou por cerca de oito horas diárias, removendo as pedras e abrindo o caminho, com o objetivo de reduzir o tempo gasto pelos filhos para ir e voltar da escola, localizada a 15 km, que era de 3 horas. Jalandhar Nayak não ficou em casa reclamando do governo ou de injustiça, arregaçou as mangas e fez como o segundo viajante da história acima, empenhou-se para resolver o problema que tinha e acabou por chamar a atenção da sociedade.

Ele não conseguiu terminar a estrada, mas fez o que estava a seu alcance e dessa maneira conseguiu a atenção do governo que prometeu terminar o trabalho e recompensá-lo pelo trabalho feito. Além disso, a população ficou admirada com a iniciativa. Um bom exemplo?

A verdade é que vivemos momentos muito conturbados em nossa sociedade e o que estamos fazendo? Fazemos nossa parte ou estamos sempre esperando pelo melhor momento, pela melhor oportunidade, enfim, postergando o que nos cabe fazer?

Apesar das dificuldades que ainda precisamos viver, somos seres abençoados, filhos de Deus, tendo ao lado espíritos amigos que nos ajudam, consolam e orientam diariamente!

Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará, é o princípio da lei do trabalho, e, por consequência, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, porque o trabalho põe em ação as forças da inteligência. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV, Buscai e Achareis, Item 2.)

Temos um ditado popular muito conhecido que diz: Deus ajuda a quem cedo madruga . Na Grécia antiga, o escritor Esopo já dizia: Deus ajuda quem se ajuda .

Mas, infelizmente, nossas mídias estão repletas de notícias ruins, que nos contagiam com o medo e o pessimismo e nos paralisam. Muitas vezes ficamos a pensar: para que vou fazer isso se sozinho não vou resolver o problema?

Então uma busca rápida pela internet nos apresenta pessoas como o indiano Jalandhar Nayak, e muitos outros que arregaçam as mangas diariamente para cumprir com seu papel perante a sociedade e Deus.

São inúmeros os exemplos. Podemos citar outro para ilustrar. Um professor de Gana ensina seus alunos a usarem o Word com desenhos na lousa. Ideia fantástica, que é criticada por muitos como perda de tempo, já que a escola não possuía computadores. Mas que bom que Owura Kwadno acreditou no seu trabalho e arrumou um jeito de ensinar a seus alunos com as ferramentas que possuía. Ele ensina os alunos como fazer um documento no Word. Seu desenho é como um print exato da tela e os alunos podem copiar em seus cadernos e estudar (https://awebic.com/humanidade/word-lousa/ ).

Diz ele: “Todo professor tem um modo de apresentar o assunto aos alunos. Esse é o meu jeito”.

Com a repercussão de seu trabalho ele recebeu ofertas de doações de laptops e projetores, o que foi comemorado pelos alunos e pela escola.

Ele se diz grato por qualquer coisa que possa ajudá-lo a levar uma experiência de aprendizado melhor aos seus alunos e diz que planeja ajudar outras escolas da região.

O mais importante é que ele serviu de exemplo para outros professores de Gana, lugar onde o improviso é sempre bem-vindo na tentativa de ocupar buracos deixados pelos governos.

A verdade é que Deus nos dotou de inteligência e múltiplos talentos com um propósito! Utilizemos então esses talentos e a inteligência em prol de nós mesmos e de nosso mundo, ajudando assim na grande transição para a qual caminhamos.

Lembremo-nos da Parábola dos Trabalhadores da Última hora - provavelmente já fomos chamados de outras vezes e falhamos, por preguiça, egoísmo, orgulho ou vaidade.

“… Chegou a vez dos trabalhadores da última hora. É preciso se tomar do ideal de viver em um mundo melhor e agir para que ele se implante na Terra. Urge que os homens de bem mostrem a força de seu caráter e ocupem espaços. É necessário que as crianças sejam educadas para amar o trabalho e a honestidade e viver fraternalmente. Mas, mais do que apenas belos discursos, são necessários exemplos. A generosa recompensa do esforço será a ventura de viver, e mais tarde renascer, em um mundo justo e fraterno” (http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1660 ).

  • Paula Mendlowicz é carioca e formada em ciências biológicas pela UERJ. É espírita e colaboradora do Espiritismo.net.