
O gato foi o agente pesquisado por sua ancestralidade solitária. Segundo a matéria da BBC, muitos felinos apresentaram sinais de angústia após a morte de um companheiro. Mas a matéria também indica que o que pode ser interpretado como luto pelos seres humanos, na realidade, é resposta do instinto de sobrevivência.
A íntegra da matéria pode ser acessada em:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/crlr4wzy7epo
O comentário a seguir é de *Ana Claudia Marino:
O pesquisador Tiago Falótico, do Instituto de Psicologia da USP 1, explica que o comportamento do luto é característica de algumas espécies de animais. Segundo ele, “os primatas, em especial, têm um vasto histórico de experiências com luto.” Em matéria publicada no Jornal da USP, Lucas Torres Dias explica que “relatos de cachorros e gatos também apontam na direção da experiência do luto. Geralmente, menos intensos do que nos primatas, mas, ainda assim, é comum que o animal passe por um período de horas ou mesmo dias de abatimento, desânimo ou falta de apetite.”
Lucas explica que, no caso de elefantes, é possível observar processos que se assemelham a “funerais” e visitas ao “túmulo”, mesmo após anos. Mas o pesquisador Tiago Falótico ressalta: “Nós levamos a um nível extremo, porque cuidamos muito mais, damos um significado para a morte. Então essa parte acho que é exclusivamente humana.”
Em “O Livro dos Espíritos” 2, entre as questões 592 e 610, os Espíritos nos explicam sobre “Os animais e o homem”. Em apertada síntese, a Espiritualidade elucida que os animais que habitam a Terra neste momento evolutivo possuem inteligência restrita à vida material, não sendo possível, ainda, a chamada vida moral. Como não possuem ainda a consciência do seu eu, igualmente não possuem livre-arbítrio sobre sua encarnação – suas escolhas são sempre restritas ao plano físico.
Entendendo que, num conceito muito grosseiro, as emoções são manifestações dos instintos que evoluem do mundo das sensações para o campo dos sentimentos, onde a razão se torna peça essencial, e que o luto humano é uma resposta emocional complexa e profunda, os animais possuem emoções, já que estagiam no campo dos instintos e, portanto, são capazes de sentir a ausência do ente querido. Mas, diferente dos humanos, o luto nos animais é menos complexo, pois não envolve reflexão, memória consciente da ausência e projeção de um futuro sem a presença física próxima do ente querido.
Obras subsidiárias, como “Nosso Lar” 3, mencionam a presença de animais no plano espiritual, ou seja, os laços afetivos transcendem a barreira da morte, mesmo para os animais.
Embora os animais não tenham a compreensão existencial da morte, a ruptura de hábitos e a ausência física do ente querido demonstram seu luto mais instintivo.
Sendo a saudade um sentimento, pois envolve uma complexa teia de lembranças, desejos e reflexões sobre o passado e as ausências; e considerando que os animais ainda estagiam na fase das emoções, eles, conceitualmente, não sentiriam saudade. Mas a ausência do cheiro do tutor ou de seu companheiro pode levar cachorros e gatos, por exemplo, a apresentar sinais como desânimo, falta de apetite, agitação e ansiedade por separação. 4
Dra. Irvênia Prada, em uma matéria postada pelo Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas 5, relata uma história que o médium Divaldo Franco contou a ela:
“Há alguns anos, esteve em determinada cidade brasileira para uma conferência e, ao ser recebido na casa que iria hospedá-lo, assustou-se com um cachorro grande, que lhe pulou no peito. A anfitriã percebeu-lhe a reação:
— O que foi, Divaldo?
— Foi o cachorro, mas está tudo bem!
— Que cachorro, Divaldo? Aqui não tem cachorro nenhum!
— Tem sim, esse pastor aí!
— Divaldo, eu tive um cão da raça pastor alemão, mas ele morreu há um ano e meio!
E Divaldo concluiu:
— Era um cão espiritual!
Segundo o meu entendimento, é possível, e até muito provável, que esse cão desencarnado ainda estivesse por ali, no ambiente doméstico que o acolheu por muitos anos, tendo sua presença sido detectada pela mediunidade de Divaldo Franco.”
A Doutrina Espírita ensina que os animais possuem, sim, a capacidade de sentir emoções e, portanto, de sofrer pela ausência de seus entes queridos, mas a vivência do luto, em sua plenitude complexa, é uma particularidade da consciência humana. No entanto, os laços de amor e afeto transcendem a vida material, persistindo no plano espiritual, e os animais são capazes de sentir tristeza pela ausência de seus entes queridos.
*Ana Claudia Marino é colaboradora do Centro Espírita Amor e Caridade (Jacareí/SP) e do Espiritismo.Net
https://jornal.usp.br/radio-usp/diferentes-especies-de-animais-experienciam-luto-de-forma-semelhante-a-humanos/ – consulta realizada em 28/07/2025 às 13h44. ↩︎
KARDEC, ALLAN. O Livro dos espíritos: filosofia espiritualista. Trad. de Guillon Ribeiro. 93º edic. 8. Imp. Brasília: FEB, 2019 ↩︎
XAVIER, FRANCISCO CÂNDIDO. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. Brasília: FEB, 2010. 61º edição. ↩︎
https://www.petz.com.br/blog/cachorro-sente-saudade-do-dono/ ↩︎
https://www.ippb.org.br/textos/especiais/editora-vivencia/os-animais-no-plano-espiritual - consulta realizada em 28/07/2025 às 14h22. ↩︎