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  • Estudo pioneiro explica o que acontece com o cérebro no exato momento em que morremos

O que se passa em nossa cabeça no momento da morte? Não se sabe exatamente e, embora os cientistas tenham alguma ideia, a resposta continua sendo um grande mistério. Além de difícil solução, tentar respondê-la pode criar implicações éticas. Elton Rodrigues comenta.

  • Data :07/09/2018
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O que se passa em nossa cabeça no momento da morte?

Não se sabe exatamente e, embora os cientistas tenham alguma ideia, a resposta continua sendo um grande mistério. Além de difícil solução, tentar respondê-la pode criar implicações éticas.

No entanto, uma equipe de cientistas da Universidade Charitée, em Berlim, e também da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, encontraram uma maneira de realizar um pioneiro estudo sobre a neurobiologia da morte. A pesquisa foi liderada pelo cientista Jens Dreier.

O título da pesquisa foi “Despolarização da difusão terminal e silêncio elétrico na morte do córtex cerebral humano”. Para realizá-la, os cientistas precisaram do consentimento dos parentes de vários pacientes terminais. O estudo exigia um monitoramento neural considerado invasivo.

Os pacientes tinham sofrido terríveis acidentes de trânsito, acidentes vasculares cerebrais ou paradas cardíacas. Ou seja, nesses casos, não havia mais como salvá-los, segundo os pesquisadores.

Ao trabalhar com essas pessoas, os cientistas descobriram que os cérebros dos animais e dos seres humanos morrem de uma maneira parecida. Eles agora dizem que também existe um exíguo momento em que o funcionamento do cérebro pode ser restaurado, ao menos de forma hipotética.

O objetivo do estudo não era apenas observar os últimos momentos de um cérebro, mas também compreender como seria possível salvar vidas no futuro.

Cérebros de animais

Grande parte do que até então se sabia sobre a morte cerebral era produto de experimentos com animais, realizados no século passado.

Até então, o que se conhecia era o seguinte:

O cérebro é privado de oxigênio quando o sistema cardiovascular do corpo para de funcionar.

Ocorre uma condição conhecida como isquemia cerebral, na qual a falta de componentes químicos leva a uma ‘inatividade elétrica completa’ no cérebro.

Acredita-se que o chamado ‘silenciamento cerebral’ ocorre para que os neurônios conservem sua energia, mas isso acontece em vão, pois a morte total chega antes de uma reabilitação.

Todos os íons importantes escapam das células cerebrais, já que os suprimentos de adenosina trifosfato, composto que armazena e transporta energia em todo o corpo, estão esgotados.

A recuperação do tecido torna-se impossível.

“A lesão total e irreversível dessas células se desenvolve em menos de dez minutos quando a circulação cessa completamente”, explica um dos cientistas no estudo.

Cérebro humano

A equipe de pesquisadores queria ter mais detalhes sobre o que acontece com o cérebro dos humanos, algo que ainda estava cheio de enigmas.

Para isso, à medida que o paciente terminal piorava, os cientistas monitoraram sua atividade neurológica usando dezenas de eletrodos.

Em primeiro lugar, em oito dos dez pacientes, os pesquisadores detectaram o movimento de células cerebrais que tentavam impedir o inevitável, ou seja, a morte que já se avizinhava.

De maneira geral, os neurônios funcionam com íons carregados, o que cria desequilíbrios elétricos entre eles e seu ambiente - isso permite que pequenos choques, ou sinais, sejam criados. Para os autores do estudo, a manutenção desse sistema fica mais difícil quando a morte está chegando.

Para se alimentar, essas células “bebem” oxigênio e energia química da corrente sanguínea. Quando o corpo morre e o fluxo de sangue que chega ao cérebro para, os neurônios - privados de oxigênio - tentam uma de suas últimas saídas: acumular os recursos que sobraram, dizem os pesquisadores.

Enviar sinais de um lado para o outro, como normalmente ocorre, acaba se tornando um desperdício nos últimos momentos da vida. Portanto, os neurônios se “calam” e, em vez de enviar sinais, usam suas reservas de energia para manter cargas elétricas internas, esperando o retorno de um fluxo de sangue que nunca virá.

Esse fenômeno foi chamado de “depressão não dispersa”, pois ele ocorre simultaneamente em todo o cérebro.

Depois, o que se segue é a fase da “despolarização da difusão”, conhecida como “tsunami cerebral”. Ocorre uma grande liberação de energia térmica, porque o equilíbrio eletroquímico que mantinha as células vivas entram em colapso - esse “tsunami” leva à intoxicação e destruição das células.

Todas essas reações foram observadas pelos cientistas nos pacientes terminais. E à medida que os níveis de oxigênio caíam, a atividade elétrica também silenciava em todo o cérebro.

É então que a morte chega.

No entanto, o estudo revelou que, no futuro, todo esse processo pode não ser tão inevitável como é agora.

“A despolarização expansiva marca o início das mudanças celulares tóxicas que eventualmente levam à morte, mas não é o ponto chave da morte por si só, pois essa despolarização é reversível até certo ponto, com a restauração do suprimento de energia”, disse o principal autor do estudo, Jens Dreier, do Centro de Pesquisas de Acidentes Cardiovasculares da Universidade Charité, de Berlim.

Os dados obtidos pelo estudo, publicados pela revista científica Annals of Neurology , apontam que a ressurreição celular continua sendo possível. Porém, novas pesquisas devem ser feitas até que isso seja possível.

Como Dreier assinala, “a morte é um fenômeno complexo” para o qual “não há respostas fáceis.”

Notícia publicada na BBC Brasil , em 11 de março de 2018.

Elton Rodrigues* comenta

O que acontece com o cérebro no momento da morte?

Em um dos seus principais livros, Fredrich Myers inicia a introdução com uma verdade insofismável a respeito da omissão dos homens diante de uma das questões mais importantes para todos os seres:

“Na longa história dos esforços do homem para compreender a sua própria natureza e assenhorear-se do seu destino, existe uma lacuna ou omissão singular que, mesmo se mais tarde tentássemos explicá-la, sua mera constatação teria sempre o ar de um paradoxo. Isto é tão verdadeiro que o homem nunca sonhou aplicar aos problemas que o interessam de modo mais íntimo os mesmos métodos de investigação que com eficácia aplicou a todos os demais problemas.

A questão que mais importa ao homem é a de saber se ele possui ou não uma alma imortal ou, para evitar a palavra imortal, que pertence ao domínio do infinito, se a sua personalidade implica algum elemento suscetível de sobreviver à morte corporal. Os terrores mais graves, as esperanças mais elevadas que tenham oprimido ou estimulado os espíritos humanos sempre estiveram ligados a essa questão.” (MYERS, p. 1, 2001)

Ainda hoje, mesmo com tantos avanços nas pesquisas científicas, com seus métodos e aparelhagem, avançamos poucos passos em direção a uma pesquisa mais profunda acerca dessas questões primeiras. A maioria desses estudos e reflexões são realizados em núcleos espiritualistas, sem métodos estruturados, na maioria das vezes, onde poderiam auxiliar em uma compreensão mais límpida destas questões tão importantes: O que somos? De onde viemos? Para onde vamos?

Por outro lado, já existem inúmeros corajosos pesquisadores desenvolvendo suas pesquisas dentro das próprias universidades. Alguns se utilizam de verdades materialistas, visando explicações para a vida e a morte. Outros, acrescentando a importância da alma como mantenedora dos seres e que sobrevive à morte do corpo, realizam um contraponto entre as explicações materialistas da ciência tradicional e as bases espíritas, se este for o caso.

Mais importante do que identificar as premissas utilizadas pelos pesquisadores, se este estiver movido por um sentimento verdadeiro de busca sincera à verdade, à lei que rege os seres, não devemos admirá-lo por seus esforços? Então, vemos assim, cientistas, pesquisadores, materialistas ou não, se estiverem movidos por algo que sentem no âmago do ser, aquele impulso que parte da alma – mesmo alguns não acreditando que exista – buscam à Deus. Buscam responder as questões aventadas por todos os povos em todas as épocas da humanidade. E é por isso que devemos respeitar a todos. Pois todos estamos em busca e no mesmo esforço pelo entendimento das leis da natureza que, nada mais são do que as leis de Deus.

Talvez movidos por esse sentimento de compreender um pouco mais sobre o que é a vida, um grupo de pesquisadores da Universidade de Charitée, em Berlim, e da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, realizaram um estudo pioneiro a respeito da neurobiologia da morte.

Os pesquisadores monitoraram diversos pacientes terminais. Para pesquisa deste tipo, os familiares devem aprovar a realização do procedimento. Os pacientes tinham sofrido acidentes graves de trânsito, acidentes vasculares cerebrais ou paradas cardíacas sem chance de salvá-los, segundo os pesquisadores.

Os cientistas descobriram que os cérebros dos animais e dos seres humanos morrem de maneira similar. Agora, a partir dessa pesquisa, eles afirmam que existe um momento, um limite onde o cérebro pode ser restaurado.

O objetivo do estudo não era apenas para observar o que acontecia com o cérebro no momento da morte, mas também compreender como seria possível salvar vidas no futuro.

A equipe de pesquisadores, segundo a reportagem da BBC, queria ter mais detalhes sobre o que acontece com o cérebro dos humanos, algo que ainda estava cheio de enigmas.

Essa pesquisa nos remete a um caso muito interessante registrado em um dos livros do espírito André Luiz. No livro Obreiros da Vida Eterna , no capítulo XIII, André acompanha o desencarne do companheiro Dimas. Indicamos a leitura do capítulo inteiro, mas, por limitações de espaço, iremos abordar apenas os pontos mais importantes para as nossas reflexões em torno do assunto abordado. Depois de diversos preparativos, André pergunta ao orientador Jerônimo, responsável pelo desligamento de Dimas de seu corpo físico, por onde iriam começar. Ou seja, por onde iriam iniciar o desligamento entre espírito e corpo físico. E Jerônimo responde:

“Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.” (LUIZ, p. 210, 1983)

E André continua seu relato:

“Aconselhando-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas.

(…) reparei que todos os músculos trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-se à libertação das forças motrizes, em esforço desesperado, ocasionando angustiosa aflição ao paciente.” (LUIZ, p. 211, 1983)

Os pesquisadores detectaram, à medida que o paciente terminal piorava, o movimento de células cerebrais que tentavam impedir o inevitável, ou seja a morte que se aproximava.

Encontramos informação similar na Obra de André Luiz:

“O que mais impressionava, porém, era a movimentação da fauna microscópica. Corpúsculos das mais variadas espécies nadavam nos líquidos acumulados (…)” (LUIZ, p. 205, 1983)

Os neurônios funcionam com íons carregados, o que cria desequilíbrios elétricos, permitindo pequenos choques, ou sinais. Para os autores do estudo, a manutenção desse sistema fica mais difícil quando a morte está chegando.

André, ainda na obra citada, comenta:

“Em primeiro lugar, insensibilizou inteiramente o vago, para facilitar o desligamento nas vísceras. A seguir, utilizando passes longitudinais, isolou todo o sistema nervoso simpático, neutralizando, mais tarde, as fibras inibidoras no cérebro.” (LUIZ, p. 209, 1983)

Os neurônios utilizam o oxigênio e os nutrientes da corrente sanguínea para realizarem suas funções. Porém, quando o corpo morre, os neurônios ficam privados de oxigênio, e acabam acumulando os poucos recursos que ainda têm – pois enviar sinais, neste momento, é desperdício de energia -, aguardando o retorno do fluxo de sangue que nunca voltará.

Depois deste momento há uma grande liberação de energia térmica, porque o equilíbrio eletroquímico que mantinham as células vivas entra em colapso. Já na visão espiritual do processo, temos:

“(…) Jerônimo quebrou alguma coisa que não pude perceber com minúcias, e brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada.” (LUIZ, p. 2011, 1983)

É então que a morte chega.

Há ainda um laço sutil entre corpo físico e espírito, mas que será desligado aos poucos.

Como um dos pesquisadores afirma, “a morte é um fenômeno complexo”. E acrescentamos que ela só seria completamente compreendida quando ciência tradicional se aproximar de uma visão mais completa do que é vida, onde homem é corpo e alma e não apenas uma máquina biológica.

Bibliografia:

  • MYERS, Fredrich W. H., Human Personality and Its Survival of Bodily Death, 2001 , Hampton Roads Publishing Company;

  • LUIZ, André (espírito), Obreiros da Vida Eterna , psicografia de Francisco Cândido Xavier, 1983, FEB.

  • Elton Rodrigues é espírita há mais de 10 anos e participa de trabalhos em torno da divulgação da doutrina espírita. Em 2017 fundou a Associação de Física e Espiritismo da Cidade do Rio de Janeiro (AFE-RIO) e a revista O Fóton.