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  • Sem quase nada para comer em casa, menino doa ovo para ajudar abrigo de idosos em Caçu

Jorge Hessen comenta notícia sobre como a solidariedade de um menino de 8 anos comoveu a cidade de Caçu, no sudoeste de Goiás, e acabou se transformando em uma corrente do bem. Mesmo sem ter quase nada para comer em casa, o pequeno Luiz Gustavo Rodrigues doou o único ovo de galinha para voluntários que faziam a arrecadação de produtos para um leilão beneficente.

  • Data :02 Aug, 2021
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Menino vive com os pais, que estão desempregados, e dois irmãos. Atitude da criança de 8 anos comoveu os voluntários, que resolveram fazer um leilão do ovo e arrecadaram R$ 4 mil para reformar o asilo: ‘Me emocionou bastante”.


A solidariedade de um menino de 8 anos comoveu a cidade de Caçu, no sudoeste de Goiás, e acabou se transformando em uma corrente do bem. Mesmo sem ter quase nada para comer em casa, o pequeno Luiz Gustavo Rodrigues doou o único ovo de galinha para voluntários que faziam a arrecadação de produtos para um leilão beneficente.

O gesto dele acabou rendendo um bom dinheiro. Os moradores da pequena cidade, com pouco mais de 14 mil habitantes, ficaram sabendo da história e resolveram também colaborar com a ação social para a reforma de um abrigo de idosos da cidade. O leilão do ovo acabou rendendo quase R$ 4 mil em doações, que serão usados na obra.

“O ovo estava na cartela e eu peguei, escondi, saí correndo e dei para mulher", contou Luiz Gustavo.

Já era final de tarde, quando bateram na porta da família. Foi o padrasto do menino, Luizmar Nunes, quem atendeu ao grupo de voluntários. O pedreiro, que está sem serviço no momento, se emociona ao lembrar que não tinha nem comida direito dentro de casa para ele, a esposa, o Gustavo e mais dois irmãos do menino, que também são crianças.

“Naquele dia, eu não tinha quase de comer dentro da minha casa. Aí eu peguei e falei para ela [voluntária]: Olha dona, hoje eu não tenho, mas amanhã, você passa aqui que eu contribuo”, relembrou o pai, emocionado.

A voluntária de quem Luizmar está falando é Jéssica Taís Santos. Foi ela quem recebeu o ovo das mãos do Luiz Gustavo.

“Uma atitude como essa, ainda mais vindo de uma criança inocente. A humildade que ele teve de vir me entregar o que ele podia doar, me emocionou bastante”, relatou a voluntária.

Jéssica resolveu se juntar aos outros voluntários e decidir o que fazer com aquele ovo, mantendo a prenda no leilão.

E o resultado dessa história foi ainda mais compensador para todos que estavam envolvidos na ação social.

“Um simples ovo com as melhores das intenções veio fazer o que fez. Esse grande omelete de solidariedade”, disse o presidente do abrigo de idosos, Lúcio Teodoro Morais.

E as ações de solidariedade acabaram retornando para a família do Luiz. Os mesmos voluntários se uniram com a comunidade para abastecer a casa do menino com alimentos e também brinquedos para ele e os irmãos, que foram entregues nesta semana.

Notícia publicada na G1 em 04 de Setembro 2019

Jorge Hessen* comenta

A atitude do pequeno Luiz Gustavo Rodrigues, doando o único ovo de galinha para voluntários que faziam a arrecadação de produtos para um leilão beneficente é um excelente arquétipo para refletirmos, não necessariamente no espontâneo ato do Luiz , mas no movimento solidário coletivo da comunidade goiana.

O princípio da solidariedade é o motor que aquece a vida em sociedade. Quando praticamos o simples ato de visitarmos asilos, creches e hospitais, estamos exercitando a solidariedade.

Os Idosos abandonados em asilos, pessoas doentes em hospitais e crianças em situação de pobreza , comumente uma simples visita é o grande motivo de felicidade para eles.

Nenhum de nós dispõe de faculdades completas e é pela união social (solidária) que nos completamos uns aos outros, para assegurar nosso próprio bem-estar e progredirmos. Eis por que, tendo necessidade uns dos outros, somos feitos para viver em sociedade e não isolados.

A sociabilidade é uma tendência natural e obedece ao imperativo da Lei do Progresso. É na vida social que nos desenvolvemos, enriquecemos e satisfazemos os anseios de compartilhar os valores solidários que caracterizam a natureza do nosso Espírito. Até porque é na vida social que se revela a essência divina que habita o Ser Essencial que somos.

É óbvio que a solidariedade só pode ser exercida pelos que não vivem somente para si. É uma expressão que assombra os egoístas, porque impõe a mobilização de recursos em favor do próximo.

Ser solidário é sentir necessidade íntima de partilhar alguma coisa com o próximo. Até mesmo porque sem a solidariedade fica faltando um significado para a vida. Sem o princípio solidário o homem vai enveredando pelo caminho da depressão.

Vejamos que a indiferença ante a dor do outro conduz ao vazio existencial. Estudos da Organização Mundial da Saúde estimam que haja quase 400 milhões de depressivos crônicos, e que em 2025 a depressão será a primeira causa de mortes através do autocídio.

A coisificação das circunstâncias remete os egoístas (os não solidários) a não conversarem mais, não dialogarem, aliás, tais pessoas somente discutem e como mecanismos de fuga de si mesmos se isolam do outro, transformando a solidão em masmorras glaciais da consciência.

Carl Gustav Jung apresenta uma definição a respeito da consciência, destacando que o verdadeiro momento de consciência é quando o Ego (egoísmo) toma conhecimento do SELF (Ser essencial), do EU profundo. Essa busca pelo autoconhecimento levará o homem a construir-se mais equilibrado, responsável, amoroso e naturalmente altruísta.

O amor é seiva de vida para se alcançar a felicidade. Deve-se compreender que a vida de cada um depende de outrem, constituindo a grande família universal, onde cada um faz o melhor sem se preocupar a quem esteja servindo. E mesmo sem perceber, cada indivíduo deve ser um instrumento de auxílio para o outro.

Diante do exposto, urge, pois habituarmos a descobrir os “invisíveis” da sociedade, os desafortunados, os miseráveis, tanto material quanto moralmente. Importa-nos a busca da felicidade, ainda que carregando dificuldades íntimas, porém, servindo sempre, principalmente aos próprios familiares, sem jamais desistirmos dos sonhos solidários que alenta o condão de unir as nossas mãos às mãos de todos os que nos circundam.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (vinte e seis livros “eletrônicos” publicados). Jornalista e Articulista com vários artigos publicados