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  • Casal celebra 30 anos de casamento em UTI: 'Vou com ele até o fim'

João Rodrigues e Maria Madalena reafirmaram votos durante cerimônia. Ele tem uma doença neurodegenerativa e está internado há dois anos. Claudia Sampaio comenta.

  • Data :28/03/2017
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João Rodrigues e Maria Madalena reafirmaram votos durante cerimônia. Ele tem uma doença neurodegenerativa e está internado há dois anos.

Patrício Reis

Do G1 TO

Juntos há 30 anos, João Rodrigues Pereira, de 55 anos, e Maria Madalena, de 46, reafirmaram o casamento trocando alianças nesta terça-feira (24). Mas a história deles não venceu apenas o tempo, mas também tem ajudado Pereira a enfrentar uma doença neurodegenerativa: a esclerose lateral amiotrófica. A cerimônia, que emocionou parentes e toda a equipe médica, foi realizada na UTI de um hospital particular de Palmas, onde o marido está internado há quase dois anos.

Emocionada, a professora Maria Madalena lembra do início do casamento, quando tinha 16 anos. Ela diz que o relacionamento foi selado para a vida toda. “Ele é o grande amor da minha vida. Temos toda uma história de vida e vou com ele até o fim”, conta.

No leito da UTI, eles comemoraram aniversários, ceias de Natal e agora reafirmaram o matrimônio.

“Eu não conhecia nada sobre a doença. No início, eu pensei que fosse exagero do médico quando falou que ia perder os movimentos, fala, respiração, só não perderia a capacidade de pensar. E tudo se concretizou, mas ele continua lúcido, o mesmo de sempre. Hoje, faço o possível para os dias dele serem melhores.”

“As pessoas precisam entender que o amor não é só o carnal. Fico ao lado dele para dar alegria”, disse a professora, afirmando que as relações atuais são muito passageiras e não têm força para enfrentar as adversidades.

Um outro desafio vencido pelo casal é a distância. Isso porque toda a família vive em Silvanópolis, a 108 quilômetros de Palmas, e se reveza para visitar o patriarca todos os dias. Mas a presença que ele mais aprecia, claro, é da esposa que não pode ficar mais de um dia sem visitá-lo.

“Outro dia tive que ficar quatro dias sem ir no hospital. Quando cheguei, ele me olhou igual aquela música do Paulo Ricardo: ‘Olhar 43’. Aí a psicóloga falou para ele ‘cuidado para não perder a mulher’. Aí ele abriu o sorrisão”, contou.

O casal tem quatro filhos e dois netos, mas o hospital ficou lotado de parentes e funcionários que acompanharam a cerimônia, com direito a bolo e troca de alianças. Até o padre de Silvanópolis foi convidado e celebrou a renovação dos votos.

“A equipe do hospital sempre foi sensível e atenciosa desde quando ele foi internado. Conversamos com a psicóloga e a direção que permitiram fazer a cerimônia porque ele não pode sair, respira com ajuda de aparelhos. Todo mundo ficou emocionado, os médicos, enfermeiros, todos choraram.”

A psicóloga da unidade, Jaqueline Silva Montenegro, disse que toda equipe do hospital se mobilizou para organizar a cerimônia. “Os médicos e enfermeiros colocaram terno e gravata nele, estavam todos ansiosos e foi um momento muito emocionante.”

Jaqueline afirma que para os pacientes com esse tipo de doença, o contato com a família é fundamental. “O seu João é um morador da UTI e esse tipo de atitude ajuda a deixar o ambiente mais familiar. A família celebrou recentemente o Natal e o aniversário dele e nós permitimos a visita estendida porque eles são de outra cidade, mas sempre estão presentes. E isso é muito importante para qualidade de vida do paciente.”

João Rodrigues descobriu a esclerose em 2012. Os médicos afirmaram à família, que a expectativa de vida para pacientes com a doença é de três a cinco anos. Por isso, a professora diz que cada dia ao lado do esposo é lucro. “Ele já ultrapassou esse limite. Cada dia é uma vitória, é lucro.”

Notícia publicada no Portal G1 , em 26 de janeiro de 2017.

Claudia Sampaio* comenta

O lar é o nosso principal laboratório experimental na busca de avanços morais e espirituais. Treinamos na família menor para o serviço à família maior chamada de Humanidade.

Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” no capítulo 14, nos esclarece no item 8: “…os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.”

O certo é que os relacionamentos, em todas as esferas, desafiam o exercício da tolerância e da cooperação. Somos Espíritos em evolução tentando conquistar nossas forças morais.

As famílias terrenas são estabelecidas segundo todo um planejamento de vida que deve ser desenvolvido aqui na terra e obedece a justiça divina. Essa justiça irá atuar de acordo com a evolução de cada um. O objetivo, na formação de um grupo familiar, é o reajuste, visando o crescimento interior de todos, pois afastar-nos de pessoas fora de casa é fácil, difícil é exercitarmos a tolerância e o respeito com nossos familiares que estão perto de nós.

E o casamento é um dos instrumentos para a evolução humana. Meditemos com “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec (Capítulo 4 – Lei da Reprodução - Questão 695): “Será contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?”. Resposta “É um progresso na marcha da humanidade.”

Casos como o de João Rodrigues e Maria Madalena visto na reportagem evidenciam o desejo do ser humano à felicidade. E prova que podemos escolher ser feliz. Devemos florescer onde estamos plantados, aí mesmo, no seio da nossa família, pois estamos onde precisamos estar. É essencial tratá-la com respeito, tendo Cristo como nosso referencial e modelo.

A Doutrina Espírita nos ensina a evidenciarmos a nossa formação e educação moral espírita-cristã. Dando bons exemplos de amor, trabalho, honestidade, paciência, alegria, fraternidade e caridade revelamos a nossa condição de homens de bem, principalmente nos momentos de provas difíceis, seguindo as condutas elevadas que Jesus praticava nesses momentos.

O Mestre falava, pregava, ensinava, contava parábolas com sabedoria e bondade, mas a sua força, no cumprimento da sua missão divina, estava nos bons exemplos de amor, fé, oração, humildade, caridade e perdão que dava aos seus discípulos e às pessoas que o cercavam, revolucionando a religião e a moral no mundo.

Assim devemos agir. Somos Espíritos milenares vivendo novos desafios na atual existência. E a felicidade está em nós, cabendo-nos a tarefa de conquistá-la através da melhor terapia que está justamente no amar e no servir, no envolver-se em trabalhos úteis e no serviço do bem, tanto no seio familiar quanto no universo da Humanidade.

Fontes de pesquisa:

<https://evangelhoespirita.wordpress.com/ >;

<https://livrodosespiritos.wordpress.com/ >.

  • Claudia Sampaio é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.