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    • Brasileiros se casam menos e se divorciam cada vez mais

    Os números recentemente divulgados pelo IBGE sobre casamentos e divórcios no Brasil revelam transformações significativas em como estamos vivendo em família. As uniões estão acontecendo em idades mais avançadas, a duração média dos casamentos diminuiu e o número de divórcios vem crescendo… Humberto Arruda comenta.

    • Data :05/09/2025
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    Brasileiros se casam menos e se divorciam cada vez mais, aponta IBGE

    Embora a pandemia de Covid-19 tenha alterado pontualmente as estatísticas, essa tendência foi confirmada pelos novos números da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2022, divulgadas na manhã desta quarta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    A íntegra da matéria pode ser acessada em:
    https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasileiros-se-casam-menos-e-se-divorciam-cada-vez-mais-aponta-ibge/

    O comentário a seguir é de *Humberto Arruda:

    Os números recentemente divulgados pelo IBGE sobre casamentos e divórcios no Brasil revelam transformações significativas em como estamos vivendo em família. As uniões estão acontecendo em idades mais avançadas, a duração média dos casamentos diminuiu e o número de divórcios vem crescendo, com destaque para o aumento da guarda compartilhada dos filhos, entre os pais.

    À primeira vista, esses dados podem gerar preocupação, como se estivéssemos diante da falência da instituição familiar. No entanto, uma análise à luz da descortinadora Doutrina Espírita, que descortina consolando e consola descortinando, nos convida a ver e vivenciar esse fenômeno, na sociedade, com mais profundidade e serenidade.

    Em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, encontramos a lição de que a família é uma instituição divina destinada ao progresso moral da humanidade. Os laços que se estabelecem no lar não são frutos do acaso, mas resultado de compromissos assumidos no plano espiritual, muitas vezes como oportunidades de reconciliação e reajuste de Espíritos que já conviveram em outras existências.

    Quando observamos que as uniões estão acontecendo mais tarde, percebemos um aspecto positivo: Algumas pessoas estão buscando mais amadurecimento, formação pessoal e profissional, antes de assumirem responsabilidades familiares. Esse adiamento pode representar mais consciência e menos precipitação, o que é saudável, ainda que não garanta, por si só, a estabilidade da relação. Onde relembramos do nosso planejamento reencarnatório.

    Já o aumento do número de divórcios pode ser compreendido como reflexo da busca por relações mais autênticas e verdadeiras. Em tempos passados, muitos casamentos eram mantidos apenas por convenções sociais ou por imposições culturais e até mesmo familiares, mesmo em meio a abusos, violências e outras infelicidades. Hoje, com a valorização e popularização da liberdade individual, há maior disposição em romper uniões que se tornaram insustentáveis. Embora isso cause rupturas dolorosas, pode também abrir espaço para recomeços mais conscientes.

    É claro que o divórcio, por si, não é solução. Se não houver aprendizado, o Espírito poderá repetir os mesmos erros em novas relações. Por isso, é essencial lembrar as palavras de Jesus, interpretadas por Joanna de Ângelis em “Jesus e a Atualidade”: “O Cristo é o terapeuta da alma, aquele que nos convida a olhar para dentro, a assumir responsabilidades e a construir vínculos baseados no respeito, no amor e na cooperação”.

    Outro dado importante do levantamento é o crescimento da guarda compartilhada entre pais divorciados. Já a informação sobre esse movimento, mostra que a sociedade, aos poucos, compreende que a separação conjugal não rompe os laços de paternidade e maternidade. Pelo contrário, ambos continuam corresponsáveis pela educação e pelo bem-estar dos filhos. Trata-se de um avanço moral, coerente com o princípio de equidade defendido por Jesus. E lembrando que os pais aceitaram, no planejamento reencarnatório o pedido dos filhos para essa paternidade. Seja numa situação livre ou compulsória. Sendo ambas opções pautadas em merecimento de cada indivíduo para o crescimento que é gradual, constante e pessoal.

    Diante dessas reflexões, cabe-nos compreender que os números do IBGE não representam apenas estatísticas frias, mas expressam o retrato de uma humanidade em transição. Vivemos um tempo em que antigos modelos de família são questionados, e novas formas de convivência se apresentam. Isso não significa perda dos valores espirituais, mas um convite a que construamos lares mais sólidos em sentimentos e não apenas em formalidades. Esta transição ocorrerá e já ocorre em algumas situações de forma necessária a cada um dos grupos sociais que estamos inseridos. Como nos permitimos escolher os níveis de vibração espiritual a que somos simpáticos. Nós nos reunimos em grupos de espíritos afins no que podemos chamar de grupos sociais.

    Jesus nos ensina que somente o amor verdadeiro é capaz de sustentar e transformar os relacionamentos. O amor não como simples emoção passageira, mas como decisão consciente de respeito, de perdão e de dedicação mútua. O desafio que temos diante de nós é elevar as uniões humanas desse plano instável para a condição de parcerias espirituais, nas quais cada membro da família é visto como companheiro de jornada evolutiva. Não necessariamente nas condições de membros da família consanguínea, mas expandindo isso à família espiritual.

    Assim, ao invés de temermos as mudanças, devemos acolhê-las como parte do processo de amadurecimento da humanidade. Mas não no sentido de simpatia a esta mudança, mas no sentido de empatia acolhedora com convite a nos melhorar sempre. Que cada casamento, cada divórcio e cada recasamento sejam oportunidades-desafio de aprendizado. Que as famílias, em suas diferentes configurações, continuem sendo escolas da alma. E que, inspirados em Jesus, possamos trabalhar para que o amor — e não apenas o contrato civil — seja o alicerce de nossas relações.

    * Humberto Arruda é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.