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  • As razões que fazem a Nova Zelândia ter o maior índice de suicídio entre jovens em países desenvolvidos

Segundo o Unicef, os dados não devem ser analisados isoladamente. A elevada taxa está ligada à pobreza na infância, altas taxas de gravidez na adolescência ou famílias em que nenhum dos pais trabalha. Claudio Conti comenta.

  • Data :29/08/2017
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Andreas Illmer

BBC News

Quando você pensa na Nova Zelândia, o que vem à mente provavelmente são as belezas naturais - fiordes, montanhas, paisagens remotas e paradisíacas - em um país distante.

Mas, há alguns anos, o país vem lutando contra outra forma de isolamento - depressão e suicídio.

Relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ​​revela um dado alarmante. A Nova Zelândia tem, disparado, a maior taxa de suicídio de jovens entre países desenvolvidos.

São 15,6 suicídios por 100 mil pessoas - duas vezes maior que a taxa dos Estados Unidos e quase cinco vezes a da Grã-Bretanha.

O índice é preocupante, mas não surpreende. Não é a primeira vez que o país lidera o ranking, que contabiliza a taxa de suicídios de jovens entre 15 e 19 anos em 41 nações, da União Europeia (UE) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No Brasil, o índice de suicídios nessa faixa etária é de 5,6 casos para cada 100 mil habitantes, uma taxa relativamente baixa se comparada aos países que lideram o ranking. No entanto, esse índice apresentou um aumento de quase 10% nos últimos 12 anos, segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

Por que a Nova Zelândia?

Há diversos motivos. E, segundo o Unicef, os dados não devem ser analisados isoladamente.

A elevada taxa de suicídios está ligada a outras estatísticas, como pobreza na infância, altas taxas de gravidez na adolescência ou famílias em que nenhum dos pais trabalha.

A Nova Zelândia também tem “um dos piores índices de bullying escolar do mundo”, diz Shaun Robinson, da Fundação de Saúde Mental da Nova Zelândia.

Segundo ele, há uma “combinação tóxica” de taxas muito altas de violência familiar, abuso infantil e pobreza que precisam ser abordadas para se enfrentar o problema.

Estatísticas da própria Nova Zelândia revelam que as taxas de suicídio são mais elevadas entre os jovens homens maori - povo indígena da NZ - e das ilhas do Pacífico.

“Isso mostra que também há questões em torno da identidade cultural e do impacto da colonização”, explica Prudence Stone, do Unicef da Nova Zelândia.

O levantamento mais recente, de 2014, mostra que a taxa de suicídio entre homens maori é cerca de 1,4 vezes a de não-maori em todas as faixas etárias.

“É alarmante. Talvez seja um indicador do nível de racismo institucional e cultural em nossa sociedade”, avalia.

“Não há uma pesquisa que nos diga isso de forma conclusiva, mas é certamente o que sugerem”, acrescenta.

Há ainda outras possíveis causas para o problema.

Os serviços de saúde e assistência social em todos os países ocidentais vêm lutando há anos contra o estigma que associa a depressão à fraqueza.

E isso pode ter um peso maior na Nova Zelândia do que em outros países.

“Existe uma tradição cultural de que homens devem ser durões na Nova Zelândia”, afirma Stone.

“Isso pressiona os meninos a se tornarem aquele tipo de homem durão que bebe cerveja”, completa.

Segundo ela, houve uma ligeira mudança nos últimos anos. Músicos e cineastas emergiram como modelos para um tipo diferente de homem na Nova Zelândia - não são os “típicos torcedores durões do All Black (seleção neozelandesa de rugby)”, mas mostram que pode haver uma abordagem mais leve para a masculinidade.

“Eu acho realmente que há uma rigidez maior de princípios morais na psique da Nova Zelândia em torno do ’eu tenho que resolver isso sozinho’, o que pode não acontecer tanto em outros países”, concorda Briana Hill, porta-voz da Youthline, linha telefônica que oferece apoio a jovens.

Não é que não haja um sistema de suporte para abordar o problema. A questão é que está sobrecarregado.

De acordo com Robinson, a demanda por esses serviços aumentou 70% na última década, enquanto o número de casos com indícios de suicídio subiu 30% nos últimos quatro anos, segundo a polícia.

Esse é um problema que Briana Hill, da Youthline, conhece de perto. São tantas chamadas que ela simplesmente não dá conta de atender, por falta de braços.

O consenso entre os especialistas é de que há necessidade de mais fundos para ajudar a financiar esse tipo de serviço.

Mas igualmente importante é chamar a atenção para o problema, conscientizar as pessoas e priorizá-lo.

“O país não está fazendo um bom trabalho em ajudar os jovens a serem capazes de lidar com a pressão, o estresse e os desafios emocionais e mentais que enfrentam”, diz Shaun Robinson.

A continuidade do problema ao longo dos anos já colocou, no entanto, a questão no topo da agenda política.

O tema se tornou, por exemplo, pauta de debates antes das eleições gerais do país, que acontecem em setembro deste ano.

Em abril, o governo divulgou o esboço de uma estratégia nacional para prevenção do suicídio, que atualmente está em consulta pública.

Há um grande debate em torno do projeto. E, mesmo aqueles que acreditam que não seja suficiente, concordam que é um passo importante para reduzir as taxas de suicídio no país.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 16 de junho de 2017.

Claudio Conti* comenta

O suicídio não é um processo natural, pois, o ser vivo, que inclui animais e vegetais também como expressões da inteligência, possui, inerente ao psiquismo, conteúdos relacionados tanto com a sua própria preservação quanto da espécie. Desta forma, qualquer ato contrário a estes conteúdos causam desarmonia, em algum grau, para o espírito.

Em contraposição com a morte natural, decorrente do desgaste ou deficiência no funcionamento dos órgãos físicos, que é uma questão relacionada com a matéria, suas propriedades e as leis que a regem, o suicídio é uma questão puramente psíquica. Assim, não pode existir uma abordagem direta e simplificada na avaliação dos fatores que conduzem o espírito a extinguir a própria existência física e, também em decorrência deste fato, cada caso é um caso específico, com atenuantes e agravantes que somente podem ser acessados pela Providência.

Casos de suicídio decorrentes de enfermidades mentais, dos mais diversos tipos, sejam graves ou não, conduzem a situações distintas para o espírito na sua condição de desencarnado. Similarmente, hábitos desde pouco saudáveis até completamente nocivos à saúde, que contribuem para algum tipo de aceleração do desgaste da matéria, também são específicos para cada indivíduo, dependendo do grau de conhecimento e entendimento.

Esta visão apresentada é percebida neste artigo em análise pelo fato de salientar que os dados não podem ser analisados isoladamente, devendo ser considerado os vários fatores que influenciam a vida do espírito encarnado em sua componente social, econômica, familiar, etc.

Uma abordagem simplista incorre em equívocos que podem ser muito graves, dificultando a educação, não do encarnado, mas do espírito. Assim, o fato de que o índice de suicídios no Brasil ser relativamente baixo, quando comparado com outros países, não deve nunca significar que a condição de vida e que a educação do espírito sejam adequadas. Tampouco deve-se creditar a “salvação” para esta questão puramente na religiosidade.

Vários são os fatores culturais e comportamentais que afetam a vida do encarnado em sua essência mais básica. O trabalho de prevenção ao suicídio não deve ter como foco apenas o indivíduo, mas a sociedade como um todo, demonstrando que as atitudes carregam consequências que poderão ser maléficas para os que estão no seu campo de ação.

Quando cada um se questionar sobre a influência pessoal em um possível suicídio, certamente os casos seriam drasticamente reduzidos. Contudo, infelizmente, ainda agimos muito egoisticamente, sem considerarmos a repercução das nossas ações.

A “humanização” da humanidade deve ser o foco da “educação de espíritos” para um mundo de regeneração.

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium psicógrafo e psicofônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .