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  • Americana recebe último buquê de flores de presente do pai, falecido há 5 anos

Desde que perdeu o pai há cinco anos vítima de câncer, a norte-americana Bailey Sellers tem recebido flores de presente, sempre com um cartão escrito por seu pai. Valerie Nascimento comenta.

  • Data :25/02/2018
  • Categoria :

do BOL

Desde que perdeu o pai há cinco anos vítima de câncer, a norte-americana Bailey Sellers tem recebido flores de presente, sempre com um cartão escrito por seu pai. Em seu 21º aniversário, quando é atingida a maioridade nos EUA, ela recebeu uma surpresa: o último buquê.

O cartão deste ano emocionou a internet com a mensagem: “Essa é minha última carta de amor a você até nos encontrarmos novamente. Eu não quero que você derrame outra lágrima por mim, minha bebezinha, pois estou em um lugar melhor. Você é e sempre será a joia mais preciosa que me deram. Este é seu 21º aniversário e quero que sempre respeite sua mãe e seja honesta consigo mesma. Seja feliz e viva intensamente. Eu vou sempre estar com você em cada marco, olhe em volta e lá estarei. Amo você, amorzinho. Feliz aniversário!!! Papai”.

A mensagem foi compartilhada no Twitter pela jovem e recebeu mais de 1 milhão de curtidas, além de apoio de internautas, as quais ela respondeu: “Todo ano eu esperava ansiosa pelo meu aniversário porque sentia que ele estava aqui comigo, mas esse é o último ano que vou recebê-las, por isso é tão triste”.

Notícia publicada no Portal BOL , em 27 de novembro de 2017.

Valerie Nascimento* comenta

“Nunca haverá separação entre os que se amam… Deus não nos criaria para que nos perdêssemos uns dos outros.” (Maria Helena, no Livro “Feliz Regresso”, psicografia de Chico Xavier.)

Para onde vai a alma que habitava aquele corpo que nós amávamos tanto? Em que condições ficaremos com essa separação e diante da perspectiva de que seja eterna?

Nós, em geral, ainda temos bastante dificuldade de entender a morte como algo natural. Ela pode ser vista como um mistério incompreensível ou como um absurdo inaceitável, até mesmo como um tabu do qual a maioria das pessoas não gosta nem de falar. Mas o fato é que todos nós já vivemos ou vamos vivenciar a experiência do desencarne de alguém querido. E das experiências humanas, a ausência física - já que não existe a morte como perda - de alguém que amamos pode ser considerada a mais dolorosa.

A Doutrina Espírita, por excelência uma doutrina balsâmica, consoladora e esclarecedora, nos permite suportar experiências como essa. Uma das maravilhas do Espiritismo é nos livrar do desespero do túmulo pelo esclarecimento da possibilidade de comunicação entre aqueles que já se desligaram da roupagem material e nós, que ainda estamos em provas e expiações no corpo físico.

A prova da imortalidade da alma nos dá uma esperança serena, porém não sem lágrimas, sem saudade ou sem lutas. O que essa esperança nos proporciona é a certeza do reencontro com os afetos que nos antecederam no retorno à espiritualidade, nos permitindo, assim, caminhar sabedores de que a imortalidade é o maior presente que o nosso Criador poderia ter nos dado.

Importante lembrarmos que encarnados e desencarnados são sempre espíritos, ora revestidos pelo corpo físico, ora despojados dele. Kardec explica que tudo no Universo está mergulhado na energia cósmica que preenche o espaço infinito, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Essa energia ou fluido, impulsionada pelo pensamento, é capaz de atravessar os limites invisíveis que separam a plano físico do espiritual, ou seja, nós de nossos amores desencarnados.

Pelo pensamento estamos em constante troca com espíritos desencarnados. É assim que nossa tristeza, mágoa, saudade e qualquer outro pensamento e/ou emoção viaja em milésimos de segundos até o destinatário. Quando estes forem de carinho, levam consigo conforto, alegria, esperança. Porém, quando são de animosidade, podem desanimar, entristecer ou irritar.

“O amor pode atravessar o abismo da morte” , afirma o benfeitor espiritual Emmanuel. Por isso, quando tivermos de braços com a saudade, não permitamos que ela se torne uma prisão emocional. Busquemos conforto em ser útil ao outro, em aproveitar as oportunidades que cada novo dia nos oferece para preencher com bons pensamentos e ideias construtivas o vazio deixado por quem apenas “foi ali”.

As flores físicas não chegarão mais nos aniversários da Bailey. Mas vale ressaltar que a intenção do pai possivelmente não era, ao final dos 5 anos em que a surpresa chegava no aniversário da filha, deixá-la pesarosa. Nesses anos, de alguma forma o pai da Bailey se fez presente na vida dela, materializou seu carinho, de forma que ele ainda fizesse parte da vida dela com um mimo e amorosos conselhos. E seguirá assim porque o verdadeiro amor não tem solução de continuidade.

Existe um trecho da música chamada “A começar em Mim”, do grupo Vocal Livre, que diz: “Haja mais amor a começar em mim, amor que eu tanto quero ver a começar em mim.” É uma bela reflexão do que mais precisamos hoje e nos dias futuros: amor.

O que nós queremos ver pelo mundo começa dentro de casa. É no lar que aprendemos os valores, a pensar no outro como indivíduo diferente e por isso mesmo merecedores do nosso respeito. O que a Bailey hoje deve ser grata por ter tido a oportunidade de um pai amoroso, que mesmo nos seus piores momentos quis zelar pelo seu amor? O amor é a ponte que nos permite crescer espiritualmente através das inúmeras passagem pelas nossas reencarnações, é uma fonte inesgotável contida em nós mesmos.

A notícia não fala de religião, convicções filosóficas, nem nada do estilo, mas nos mostra que para evoluirmos rumo ao melhoramento espiritual não precisamos entender todos os mistérios da vida, mas tão somente nos colocar no lugar do outro, agindo com ele como gostaríamos que nos fizessem.

Jesus chega a nos dizer, registrado no Evangelho de João, versículos 34 e 35: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros.”

Cada cultura do nosso Planeta possui a sua particularidade ao lidar com a morte; mas nenhuma deixa de ser sentida também por aqueles que partiram. Na cultura oriental, por exemplo, a visão de morte é diferente da ocidental. Influenciados pela cultura budista, para a morte é ocasião de alegria e simboliza renascimento. Os festejos homenageiam o desencarnado e demonstram gratidão por ele ter feito parte da vida daqueles que o amaram. Já para a maioria dos ocidentais, o falecimento de alguém trás imenso pesar. Independente da crença e da fé de cada um no que a morte se refere, cada pessoa reage de uma forma particular. Contudo, o luto é um processo natural e necessário para o enfrentamento não só do vazio deixado, mas pelo significado daquela pessoa na nossa vida.

Por isso, enfim, deixamos um relato aqui psicografado pelo médium Chico Xavier, e é da autoria de um jovem chamado Jair Presente, que se dirige à sua inconsolável família, principalmente à sua mãe: “Agradeço-lhes o amor (que brota) das vossas lágrimas. Agradeço-lhes o carinho (que sinto) nas vossas preces, mas venho pedir-lhes para viverem. Viverem! E viverem felizes, porque assim, também eu serei feliz.”

  • Valerie Nascimento é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.