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Pluralidade dos mundos habitados

As agências espaciais mostram que Marte é um planeta desértico. Afinal, há vida no planeta Marte? Como são os seres de lá?

- A Doutrina Espírita afirma que todos os globos que se movem no espaço são habitados, pois Deus não fez coisa alguma inútil. Afirma também que o homem terreno está longe de ser o mais evoluído entre todos os habitantes do Universo (O Livro dos Espíritos, questão nº 55). Portanto, não há dúvida de que Marte, assim como qualquer astro, seja também um mundo habitado. Por outro lado, assim como a constituição física dos mundos é muito distinta, assim o são as organizações dos seres que os habitam. A analogia que podemos fazer é a de que os peixes são feitos para viver na água e os pássaros, no ar. Dessa forma, devemos encontrar habitantes em certos planetas, cuja constituição de seus corpos em nada se assemelhem à de nossos corpos humanos.

A questão nº 236 de O Livro dos Espíritos esclarece que há mundos cuja superfície é estéril, ou seja, em que não há vida corpórea, somente habitantes no plano espiritual. Esta situação de esterilidade é transitória; a própria Terra já foi assim, antes do surgimento dos primeiros seres vivos corpóreos.

A questão que permanece em aberto é: como são os habitantes de Marte?

Uma vez que a tecnologia terrena ainda não é capaz de detectar a presença e a natureza dos habitantes de Marte, temos de analisar os relatos mediúnicos sobre este tema. O que encontramos são diversas contradições entre os vários Espíritos e médiuns que já nos trouxeram informações sobre a vida no planeta Marte.

Em O Livro dos Espíritos, publicado inicialmente em 1857 e revisado em 1860, Allan Kardec comenta que “segundo os Espíritos, de todos os mundos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe estaria ainda abaixo (…)”. Na Revista Espírita de outubro de 1860, há um relato do Espírito Georges, pela médium Sra. Costel, que afirma: “Marte é um planeta inferior à Terra, da qual é grosseiro esboço; não é necessário habitá-lo (…) Marte é a primeira encarnação dos mais grosseiros demônios. Os seres que o habitam são rudimentares; têm a forma humana, mas sem nenhuma beleza; têm todos os instintos do homem, sem a nobreza da bondade. (…) Entregue às necessidades materiais, comem, bebem, batem-se, acasalam-se. (…) Sem indústria, sem invenções, os habitantes de Marte consomem a vida à procura de alimento. Suas moradas grosseiras, baixas como covis, são repugnantes pela incúria e pela desordem que nelas reinam“.

Diferentemente dessas informações registradas em O Livro dos Espíritos e na Revista Espírita, o livro “Cartas de uma Morta”, de Chico Xavier, pelo Espírito Maria João de Deus, mãe de Chico, publicado em 1935, traz relatos de que os habitantes de Marte seriam muito mais adiantados do que os da Terra: “Todavia, o que mais me admirou não foram as expressões físicas deste planeta, tão adiantado em comparação com o vosso. Nele a sociedade está constituída de tal forma, que as guerras ou os flagelos seriam fenômenos jamais previstos ou suspeitados. A vibração de paz e de harmonia que ali se experimenta irradia aos corações felicidades nunca sonhadas na Terra. A mais profunda espiritualidade caracteriza essa humanidade, rica de amor fraterno e respeito ao Criador”.

No livro “Novas Mensagens”, de Chico Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos, publicado em 1939, as informações se repetem: “Tive, então, o ensejo de contemplar os habitantes do nosso vizinho, cuja organização física difere um tanto do arcabouço típico com que realizamos as nossas experiências terrestres. Notei, igualmente, que os homens de Marte não apresentam as expressões psicológicas da inquietação em que se mergulham os nossos irmãos das grandes metrópoles terrenas. Uma aura de profunda tranqüilidade os envolve. É que, esclareceu o mentor que nos acompanhava, os marcianos já solucionaram os problemas do meio e já passaram pelas experimentações da vida animal, em suas fases mais grosseiras. Não conhecem os fenômenos da guerra e qualquer flagelo social seria, entre eles, um acontecimento inacreditável”.

Em reunião ocorrida no CELD – Centro Espírita Léon Denis – no Rio de Janeiro, em 2001, o Espírito Cairbar Schutel, pela psicofonia do médium Altivo Pamphiro, trouxe outras informações sobre a vida no planeta Marte: “- Então há vida no planeta Marte? - Não como encarnado, como vocês pensam. - A vida em Marte é encarnada? - Desencarnada. Reúnem-se Espíritos desencarnados, mais materiais do que os da Terra, mas com mais capacidade de se movimentar do que os da Terra. - No livro “Cartas de uma Morta”, a mãe de Chico Xavier disse que Marte é um mundo superior. - O médium pegou o lado espiritual. Se você pegar um brasileiro do Nordeste, ele é diferente de um brasileiro amazonense, diferente de um brasileiro do Centro-Oeste, diferente do brasileiro do estado de São Paulo ou de qualquer Estado do sul do país. Ele terá uma visão diferente da vida.”

Comparando-se os relatos mediúnicos de todos esses Espíritos, vemos discrepâncias significativas. Estariam alguns deles transmitindo informações falsas? Estariam todos eles corretos, porém cada um transmitindo imagens parciais, captadas na dimensão espiritual que lhes é própria? Haveria seres em Marte em diversos estágios evolutivos, uns muito inferiores aos da Terra e outros mais evoluídos do que nós? As paisagens, cidades e seres que são descritos nesses relatos mediúnicos pertencem à nossa dimensão corporal, ou são invisíveis a nós humanos terrenos encarnados?

Respeitamos todas as comunicações mediúnicas que revelam informações sobre a vida no planeta Marte. Entretanto consideramos que ainda há muitas questões em aberto, demandando maiores estudos, pesquisas, investigações, debates e descobertas de nossa parte. Ainda não atingimos a universalidade sobre este assunto.

Segundo o preceito do Espírito Erasto, mentor de Allan Kardec: “Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade”.

Ao divulgarmos ideias em nome do Espiritismo, devemos estar seguros de que tais ideias passaram pelo crivo da razão e da lógica e pela universalidade dos ensinos dos Espíritos. Caso contrário, não serão ideias do Espiritismo, mas impressões pessoais de uma ou outra individualidade.

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