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  • Processos Mentais na Cura (Parte 3)

Na primeira interpretação, sendo as montanhas uma referência às dificuldades que todos enfrentam no dia-a-dia e que necessitam ser trabalhadas de uma forma ou de outra, a fé, isto é, a certeza de que as atribulações são ocorrências que conduzem o espírito à melhor condição de desenvolvimento, servirá de conforto e determinação para enfrentar as batalhas adequadamente.

A falta de fé, a fé vacilante ou o apego aos interesses materiais e que sensibilizam os sentidos físicos conduzem à fraqueza no enfrentamento das diversidades que tanto irá gerar sofrimento quanto pode conduzir ao fracasso; estes eventos são geradores de grandes males tal como a lamentação contumaz geratriz de desarmonias, estados depressivos, entre outros.

Na segunda interpretação, as montanhas sendo referência à estruturas materiais, inclusive o próprio corpo físico, a fé de que, sendo o ser inteligente, será capaz de interferir nos fenômenos que ocorrem com a sua estrutura corporal e em seu entorno. A mente em harmonia, na certeza de ser um filho de Deus e, portanto, merecedor de Sua atenção e afeto, poderá contar com a Providência Divina estabelecendo processos educativos condizentes com seu estado mental. Assim, os fenômenos que vivenciará servirão para conduzi-lo à melhor condição de desenvolvimento, em um sistema de aprendizado mais ameno e produtivo.

Novamente, a falta de fé, a fé vacilante ou o apego aos interesses materiais e que sensibilizam os sentidos físicos produzirão fenômenos compatíveis, formando eventos aflitivos nos acidentes de variados matizes e enfermidades das mais diversas. O processo educativo ainda nestes casos se mantém, porém são mais grosseiros e menos produtivos para o espírito em decorrência das desarmonias geradas.

Neste sentido, verifica-se nas passagens de Jesus envolvendo cura, que ele reitera aos pacientes que foi a fé que eles traziam em seu imo que os tinha curado, na qual atribuía a maior importância. Assim, diante desta mensagem de Jesus, deve-se perguntar o porquê e a resposta pode ser encontrada no próprio processo reencarnatório.

Kardec, no livro A Gênese, Capítulo XI, intitulado Gênese Espiritual, um dos tópicos abordados neste capítulo é a encarnação dos espíritos que, em linhas gerais, pode ser esquematizado segundo o quadro a seguir:

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Neste quadro, observa-se que existem dois processos acontecendo concomitantemente, sendo que um é decorrente do outro, isto é, não poderiam ocorrer individualmente. Assim, tem-se o processo material – fecundação, formação do feto, nascimento, desenvolvimento do corpo e morte; e o processo espiritual – perturbação das faculdades psíquicas e despertar gradual.

No processo reencarnatório, tem-se que o espírito gerencia a formação e desenvolvimento do corpo, portanto, este gerenciamento permanece desde o início até o final do processo quando ocorre o desenlace final – a morte física – quando o corpo, livre da inteligência organizadora, se desagrega.

Sendo o espírito encarnado o mantenedor da estrutura corporal, mesmo que haja um processo de cura de fora para dentro, isto é, um espírito como Jesus “force” o restabelecimento da saúde, após determinado tempo, que poderá ser curto ou longo, dependendo das mazelas do espírito, a enfermidade se restabelecerá. Portanto, sem a adequação psíquica não há saúde duradoura.

Esta conclusão foi muito bem apresentada por Kardec, também no livro A Gênese, quando analisou a passagem de Jesus que relata o seu encontro com dez homens que sofriam de lepra.

Ao rogarem a piedade de Jesus, os dez leprosos foram orientados a se mostrarem para os sacerdotes da época, durante o caminho, eles se viram curados, sendo que um deles voltou para agradecer e render graças. Ao ser informado que os outros nove não retornaram, Jesus disse àquele que estava diante dele: “Tua fé te salvou”.

Kardec analisa este relato da seguinte forma no item 17 (transcrito parcialmente): “Acrescentando: «Tua fé te salvou», fez ver que Deus considera o que há no âmago do coração e não a forma exterior da adoração. Entretanto, também os outros tinham sido curados. Fora mister que tal se verificasse, para que ele pudesse dar a lição que tinha em vista e tornar-lhes evidente a ingratidão. Quem sabe, porém, o que daí lhes haja resultado; quem sabe se eles terão se beneficiado da graça que lhes foi concedida? Dizendo ao samaritano: «Tua fé te salvou», dá Jesus a entender que o mesmo não aconteceu aos outros”.

O trabalho de estabelecimento da cura de qualquer enfermidade, seja psíquica ou física, demanda a transformação pessoal para que possa ocorrer realmente, caso contrário, pode ser que seja apenas aparente, retornando após determinado tempo. O mais indicado, portanto, é a profilaxia, onde se trabalha pela transformação antes que haja o estabelecimento de enfermidades educativas, nesta condição, o sofrimento é minimizado e a tarefa muito mais fácil.

31 de agosto de 2015