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Garotas de programa na Austrália estão perdendo a inibição e declarando abertamente sua profissão nas redes sociais, na tentativa de desmistificar noções preconcebidas sobre elas. Muitas se assumiram publicamente pela primeira vez. Jorge Hessen comenta.

  • Data :13 May, 2015
  • Categoria :

14 de maio de 2015

Prostitutas na Austrália postam selfies para mostrar ‘outra face’ da profissão

Do BBC Trending

Jovens garotas de programa na Austrália estão perdendo a inibição e declarando abertamente sua profissão nas redes sociais, na tentativa de desmistificar noções preconcebidas sobre elas.

“Estudante universitária. Aspirante a advogada. Ativista. Filha, irmã, profissional do sexo. Não preciso ser resgatada.”

Comentários assim estão sendo postados por centenas de prostitutas australianas a respeito de si mesmas, usando a hashtag #facesofprostitution (rostos da prostituição, em português).

A iniciativa começou no domingo, no Instagram, pela estudante de história e garota de programa Tilly Lawless, de 21 anos. Era uma resposta a um texto em um blog, republicado na semana passada pela popular revista feminina online Mamamia.

O blog foi escrito para marcar o 25º aniversário do filme Uma Linda Mulher (em que a prostituta interpretada por Julia Roberts e seu “príncipe encantado” se apaixonam) e argumentava que a realidade de profissionais do sexo é muito mais dura do que a apresentada no cinema.

Escolha

Tilly Lawless criticou a forma como o texto “generalizava os profissionais do sexo” e “retratava toda a prostituição como danosa”. Ela trabalha como garota de programa há dois anos, mas apenas começou a se identificar publicamente como tal dois meses atrás em Sydney, onde a prostituição é legalizada.

Ela decidiu postar uma foto de si própria em sua conta no Instagram para mostrar uma outra face da prostituição - a de uma jovem que diz ter feito uma escolha informada para se tornar uma profissional do sexo - como um protesto contra o blog.

Pouco depois, Tilly foi contactada pela Associação Australiana de Profissionais do Sexo, que perguntou se ela poderia postar a hashtag também no Twitter. E daí o movimento começou: centenas de jovens (em sua maioria mulheres e australianas) prostitutas postaram imagens mostrando seus rostos ao mundo.

Para muitas delas, era a primeira vez que se assumiam publicamente, nas redes sociais, como prostitutas.

“Fiquei positivamente surpresa”, disse Lawless à BBC, porque profissionais do sexo “raramente são humanizados como indivíduos; com frequência falam de nossos corpos, mas colocar nossos rostos nas redes sociais é algo tão poderoso”.

Muitos dos que aderiram à iniciativa compartilharam as críticas ao blog australiano.

A prostituta Holly queixou-se que a foto usada no artigo - mostrando prostitutas vítimas de tráfico humano no Leste Europeu - não representa “a nossa experiência”.

“O artigo era ofensivo”, agrega a prostituta e atriz Madison Missina. “(O texto) usa o argumento do tráfico sexual para silenciar nossa voz e, ao mesmo tempo, silenciar a voz também das vítimas do tráfico.”

O texto sobre Uma Linda Mulher foi publicado originalmente no site de um grupo cristão baseado no Missouri (EUA), Exodus Cry, que se diz comprometido com “a abolição da escravidão sexual”. A autora do artigo, Laila Mickelwait, argumenta que o filme atraiu muitas jovens à prostituição, submetendo-as a uma vida de abusos e traumas.

Mickelwait disse à BBC que, apesar da campanha online das prostitutas, mantém o que escreveu. Ela argumenta que a legalização da prostituição cria um ambiente favorável ao tráfico sexual.

“Só porque há algumas mulheres e homens postando fotos no Twitter dizendo que este é um emprego fortalecedor não significa que isso seja verdade (em toda) a indústria”, diz ela. “Eles têm uma voz, mas são a voz de uma pequena minoria que tem o privilégio de ter acesso ao Twitter e poder postar esse tipo de foto.”

Tilly Lawless declarou que continua irritada com esses argumentos, que, na opinião dela, “permitem que sejamos oprimidas de formas semelhantes às de mulheres traficadas, suprimem nossa independência e autonomia e tira nossos direitos”.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 3 de abril de 2015.

Jorge Hessen comenta*

Objeto sexual dos homens, as mulheres sempre estiveram presentes na história, ora como heroínas, ora como prostitutas, quase sempre como prostitutas, mesmo sem sê-las, sempre que rompiam certos primados moralistas e colocavam em cheque o poder masculino. A partir do término da Segunda Guerra Mundial a sensualidade e o corpo da mulher foram cada vez mais expostos, até chegar à nudez completa em teatros, televisão, cinema e revistas, quando não em público comum.

Atualmente, tal como das drogas, o negócio da prostituição é um dos mais lucrativos mercados da história. Larry Flynt, empresário e dono do império Hustler, retratado por Milos Forman e Oliver Stone no filme “O povo contra Larry Flynt”, Bob Guccione, da revista Penthouse e Hugh Hefner, dono do Império Playboy, compõem alguns desses milionários da exploração da fantasia sexual. Obviamente, uma fatia gigantesca desse mercado é dominada pelo crime organizado.

Ultimamente algumas garotas de programa na Austrália, onde a prostituição é legalizada, estão perdendo a inibição e assumindo abertamente sua profissão nas redes sociais, na tentativa de desmistificar noções preconcebidas sobre elas. Muitas são estudantes universitárias que se assumiram publicamente como profissional do sexo, postando fotos para mostrar seus rostos ao mundo. Para algumas delas, era a primeira vez que se assumiam publicamente, nas redes sociais, como prostitutas.(1)

Não nos cabe julgar este ou aquele que comete qualquer inadvertência moral, mesmo porque, com certeza, já estivemos nos dois lados da moeda, contudo não é incabível assentarmos nossos precários conhecimentos doutrinários em exercício prático. Urge vivenciarmos o Evangelho fora dos arraiais espíritas. Instruir nossos filhos sobre a responsabilidade de uma comunhão afetiva. A respeitabilidade do ato sexual. A consideração pelo sentimento do próximo. Respeito por si próprio.

A disposição de tornar-se prostituta é de foro íntimo da mulher que assim deseja e não nos interessam seus pretextos, é responsabilidade dela, tanto quanto é responsabilidade dos fregueses que a sustentam e estimulam para o comércio sexual do próprio corpo. Sem esconder-nos por trás de uma falsa máscara de tolerância, lembramos que uma prostituta é alguém que passa por sérias amarguras e obviamente deve ser tratada sem preconceitos a fim de que seja auxiliada a reencontrar o caminho do equilíbrio.

Profere o Espírito Emmanuel o seguinte: “qual ocorre aos flagelos da guerra, da pirataria, da violência e da escravidão que acompanham a comunidade terrestre, há milênios, diluindo-se, muito pouco a pouco, a prostituição (…) ainda permanece, na Terra, por instrumento de prova e expiação, destinados naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida”.(2)

Antes da vinda do Cristo já havia a prostituição no Planeta, porém não era admitida pela religião (que até mesmo condenava a lapidação da mulher), para refrear a sua ampliação.  O comércio constituído dos prazeres sexuais não surgiu originariamente das mulheres, mas, sim, dos homens. Sob o aspecto pernicioso à digna finalidade do sexo, na condição básica de formação familiar, a prostituição, como estigma social, só é consentida do ponto de vista do direito ao direcionamento às manifestações do livre-arbítrio feminino, atentatórias ao completo respeito à lei de procriação, a que tragicamente conservam-se desatentos o homem e a mulher.

Creio que o reconhecimento da prostituição como trabalho ainda não foi efetivado no Brasil. Salvo qualquer engano, parece que existe um projeto de lei sobre o assunto. Que, em síntese, permite que profissionais do sexo possam contribuir como autônomas(os) para fins de seguridade social: auxílio doença, aposentadoria. Não tenho dúvida que a vida destes “profissionais” não é nada atraente. Comumente tais pessoas são levadas à prostituição em idades que não lhes permitem discernimento; Em regra, provenientes de famílias desestruturadas, vítimas de violência, ou forçadas a isto.

As prostitutas padecem muito mais com agressão sexista e preconceito social, na maioria das vezes não têm habilitação para profissões menos degradantes, e ainda padecem com a opressão provinda de exploradores, sejam familiares, companheiros, gigolôs ou titulares de bordéis. E ainda há o tráfico humano, onde quase todas as vítimas são meninas ou mulheres. Estudos afirmam que, em sua maioria, mulheres prostitutas não o são por escolha, mas sim por desventura material.

No meretrício, ainda mais grave nos dias de hoje é a prostituição infantil. O incentivo à prostituição é absurdo. Homens ou mulheres vendendo-se nas avenidas de forma “alegre” e “divertida”, choram o vazio que sentem por viverem à margem da sociedade. No Brasil há casos em que meninas de 10 a 12 anos, frequentadoras dos peculiares bailes funk (ambientes extremamente promíscuos), se prostituem. No nordeste há diversos casos de aliciamento de menores, muitas vezes abusadas pelos próprios pais. Obviamente, uma precoce atividade sexual induz a graves problemas: prostituição infantil e juvenil, aborto, lesão da autoestima, escravidão sexual, drogadição.

“Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver sem pecado”,(3) disse Jesus. “Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de condenarmos a alguém uma “falta”, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.”(4)

Não podemos nos acomodar, porém, nem sequer nos omitir ante a onda de promiscuidades e corrupção moral. “Pensamento é fermentação espiritual. Em primeiro lugar estabelece atitudes, em segundo gera hábitos e, depois, governa expressões e palavras, através das quais a individualidade influencia na vida e no mundo”.(5) Nada justifica ficarmos indiferentes e imóveis diante do acelerado aniquilamento dos valores cristãos. Se descuidarmos da vigília, é certo que resgataremos obrigatoriamente à indiferença e inércia diante desse cenário preocupante do envilecimento do sexo.

Referências bibliográficas:

(1) Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/04/150403_prostitutas_ selfie_australia_pai >, acessado em 07/05/2015;

(2) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo – Cap. “Adultério e prostituição”, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2001;

(3) Mt 7: 1-2;

(4) Kardec, Allan. Evangelho segundo o Espiritismo, Capitulo X, item 13, RJ: Ed. FEB, 2001;

(5) Xavier, Francisco Cândido. Fonte Viva, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.