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O que nasceu como uma homenagem do engenheiro Leonardo Gontijo ao irmão, que tem síndrome de Down, se transformou num projeto, que hoje promove palestras e campanhas pela inclusão nas escolas e no mercado de trabalho. ‘A inclusão é aquilo pelo qual mais batalhamos’, diz Gontijo. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :13/03/2015
  • Categoria :

17 de março de 2015

Por uma vida normal

O que nasceu como uma homenagem do engenheiro Leonardo Gontijo ao irmão, que tem síndrome de Down, se transformou num projeto, que hoje promove palestras e campanhas pela inclusão nas escolas e no mercado de trabalho

Guilherme Torres - Veja BH

Nome: Leonardo Gontijo

Em 1990, quando seu irmão caçula nasceu com síndrome de Down, Leonardo Gontijo era uma criança de 11 anos e não imaginava o que aquilo significaria. Com tristeza, entendeu que Eduardo viveria com dificuldades e, provavelmente, por poucos anos. Duas décadas depois, reunindo depoimentos de familiares e amigos, Gontijo escreveu o livro Mano Down — Relatos de um Irmão Apaixonado. O objetivo do engenheiro era apenas fazer uma homenagem a Dudu, mas a obra funcionou também como alento para muitos que encaram a doença como uma tragédia que se abate sobre a família.

Por causa do sucesso da edição, ele resolveu criar, em 2011, uma ONG homônima. No início, o principal projeto da organização era promover o trabalho artístico do irmão. Estimulado desde a infância com música, o caçula dos Gontijo se tornou um instrumentista de mão-cheia. “Os portadores de Down não podem ser vistos como coitadinhos”, diz Gontijo. “Com amor e apoio, eles conseguem ter autonomia e uma vida quase normal.” Conhecido como Dudu Cavaco, o rapaz já se apresentou ao lado de artistas consagrados, como o sambista Arlindo Cruz. Aos 24 anos, ele faz palestras em escolas e empresas para contar como vive e, com sua história, inspirar outras pessoas.

Aos poucos, a Mano Down* foi ampliando sua atuação e se envolveu com a luta por oportunidades de trabalho para os portadores da doença. Em nome dessa causa, a ONG acaba de produzir agendas e calendários 2015 nos quais jovens com Down posam ao lado de profissionais bem-sucedidos da cidade. “A ideia é mostrar que, com dedicação, eles também conseguem ser chefs de cozinha, bombeiros, lutadores de MMA ou DJs.”

Segundo Gontijo, um dos projetos em desenvolvimento é a criação de um portal para aproximar empresas e as pessoas que têm a doença. “A inclusão é aquilo pelo qual mais batalhamos”, diz. Ao todo, dezessete escolas da cidade negaram o direito de Dudu estudar. “É um crime, mas ainda acontece”, afirma Gontijo. “A desculpa é sempre a mesma: ‘Não estamos preparados para recebê-los’.”

*Mano Down Notícia publicada no Planeta Sustentável , em 5 de novembro de 2014.

Claudia Cardamone* comenta

A doutrina espírita nos ensina que reencarnamos nos mais diversos gêneros de vida para que possamos evoluir intelectual, moral e espiritualmente. Mas também nos lembra que o Universo é solidário e estamos aqui também para auxiliar nossos irmãos, não como vítimas, não como seres que nada podem, mas como espíritos que também estão no caminho da evolução e que necessitam vivenciar experiências ricas e comuns, tal qual fazemos. Os portadores de Síndrome de Down possuem algumas restrições que dizem respeito à matéria, porém seus espíritos também estão aqui para evoluir e merecem as mesmas oportunidades.

Numa comunicação no livro O Céu e o Inferno, cap VIII, Expiações Terrestres, Kardec entrevista um jovem de 13 anos cujas faculdades intelectuais eram nulas. O jovem dizia que se sentia cativo e que seu estado era uma punição por ter sido um jovem libertino em encarnação anterior. Precisamos parar de julgar a forma e dar importância ao que realmente é essencial, o processo evolutivo espiritual. Aqueles que possuem a oportunidade de conviver de forma próxima com estes espíritos têm uma valiosa prova que é a da solidariedade e caridade, auxiliando um irmão em sua caminhada, sem humilhá-lo, mas elevando-o, fazendo-o caminhar por si, se desenvolvendo e fortalecendo.

Somos todos responsáveis pelo bem e mal que fazemos e principalmente pelo bem que podíamos fazer, mas não fizemos.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, pelas FMU, e em Pedagogia, pela UNISUL. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como professora. É espírita e trabalhadora do Grupo União e Amor de Formação Espiritual, em Paulo Lopes/SC.