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Esse número representa 83% da meta do Ministério da Saúde, que é vacinar 4,1 milhões de meninas entre 11 e 13 anos até o fim do ano. A primeira etapa da vacinação começou em março e teve como foco a mobilização nas escolas públicas e privadas. Paula Mendlowicz comenta.

  • Data :08 Jul, 2014
  • Categoria :

10 de julho de 2014

HPV: mais de 3,4 milhões de meninas já foram vacinadas

Número representa 83% da meta do Ministério da Saúde, que é vacinar 4,1 milhões de garotas de 11 a 13 anos até o fim do ano

Um mês após o lançamento da campanha de vacinação contra HPV no Brasil, mais de 3,4 milhões de adolescentes entre 11 e 13 anos já foram imunizadas contra o vírus, segundo informou o portal do Ministério da Saúde nesta sexta-feira. Esse número representa 83% da meta da pasta, que é vacinar 4,1 milhões de meninas nessa faixa etária até o fim do ano. A primeira etapa da vacinação começou no dia 10 de março e teve como foco a mobilização nas escolas públicas e privadas de todo o país.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, avaliou o resultado como positivo e atribuiu os bons números ao “esforço” de Estados e municípios, que seguiram a recomendação do órgão e fizeram as mobilizações nas escolas. A segunda fase da campanha começa nesta sexta-feira e tem como foco os postos de saúde. Chioro lembra, contudo, que a estratégia deverá continuar em algumas escolas e que, por isso, os pais devem se informar até quando a vacinação vai acontecer.

O Ministério da Saúde afirma que a vacina contra HPV, que é ofertada gratuitamente pelo SUS, ficará disponível nas 36 000 salas espalhadas pelo Brasil. O esquema de vacinação é composto por três doses, sendo a segunda delas aplicada com intervalo de seis meses e a terceira, de reforço, cinco anos após a primeira dose. Em 2015, a previsão da pasta é vacinar adolescentes de 9 a 11 anos e, em 2016, começam a ser imunizadas meninas que completam 9 anos de idade.

Apesar de, em alguns Estados, como o Rio Grande do Sul, terem surgido casos de reação à vacina, o Ministério da Saúde assegura que o medicamento é seguro, sendo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e usado como estratégia de saúde pública em 51 países. De acordo com a pasta, a vacina protege contra quatro subtipos do HPV, com eficácia de 98%, sendo dois deles os responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero em todo o mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê o surgimento de 15 000 novos casos desse tipo de câncer e aproximadamente 4 800 óbitos apenas neste ano.

(Com Estadão Conteúdo)

Matéria publicada na Revista Veja , em 11 de abril de 2014.

Paula Mendlowicz comenta*

O início da vacinação contra o HPV provocou inúmeras reações, tanto entre a comunidade médica, como entre os pais, ambos preocupados com a segurança da vacina e com a sua real eficácia. Além disso, muitos pais mostraram-se inseguros quanto à vacinação, alegando que a mesma serviria de estímulo à iniciação sexual precoce entre as jovens.

A verdade é que a medicina profilática avançou muito. Desde o século XVIII (1796), quando a vacina da varíola foi descoberta por Edward Jenner, a cultura da vacinação tem salvo milhões de vidas em todo o planeta. Edward Jenner desenvolveu a vacina a partir de um tipo de varíola que acometia as vacas, pois percebeu que as pessoas que ordenhavam as vacas não desenvolviam a doença. Graças à vacinação, a varíola foi declarada erradicada em todo o mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1976.

Desde então, surgiram inúmeras vacinas, como a vacina contra a raiva, em 1885, e, no início do século XX, as vacinas contra tuberculose, difteria, febre amarela, rubéola, poliomielite, tétano, etc. Hoje existem mais de 50 tipos de vacinas utilizadas em todo o mundo. As permanentes campanhas de vacinação permitem a proteção contra doenças infecciosas que outrora mataram milhões de pessoas.

Mas, e a vacina contra o HPV? É mesmo eficaz contra o câncer de colo do útero? A vacinação em massa de nossas crianças, sozinha, resolve o problema? Vejamos.

HPV é a sigla em inglês para papilomavírus humano, que é a principal infecção viral transmitida pelo sexo no mundo. Esse vírus é capaz de infectar a pele e as mucosas. Existem mais de 100 tipos diferentes de vírus HPV, mas somente alguns tipos de vírus têm potencial para provocar câncer.

Nem toda contaminação pelo vírus HPV provoca uma infecção persistente, que pode levar ao desenvolvimento do câncer de colo do útero. No entanto, quando as lesões existem, e não são diagnosticadas e tratadas a tempo, o risco de câncer torna-se real.

“Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV (…) Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção pelo HPV e também a progressão para lesões precursoras ou câncer (…)” (http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=2687 )

O câncer de colo do útero pode ser evitado com a visita regular ao médico e através do exame preventivo (papanicolau ou citopatológico), que detecta as lesões precursoras, tornando o tratamento extremamente eficaz. A ginecologista Rebeca Oliveira, da Med-rio Check-up, alerta que a vacina não previne totalmente contra o HPV, e que o uso da camisinha e a realização do papanicolau são indispensáveis. (http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/a-polemica-sobre-vacina-do-hpv-1106799#ixzz35m2I4zk9 )

Logo, fica claro que, aliado ao investimento maciço na vacinação contra o HPV, um investimento maior ainda deve ser feito, por parte das famílias, na educação, principalmente na educação sexual, que deve estar presente no dia a dia de nossas crianças e jovens, mas não só das meninas, como no dia a dia dos meninos também. Somente através da educação todos aprenderão a lidar com os limites do corpo, além de respeitá-los, evitando, assim, problemas, como a gravidez indesejada e precoce, o HIV, o HPV, as hepatites, etc. Nossas crianças e jovens também aprenderiam que tudo o que fazemos na nossa vida possui consequências.

Joanna de Ângelis, espírito, no livro “Constelação Familiar”, nos esclarece sobre a educação sexual que deve ser dada às crianças e jovens: “A educação sexual deve fazer parte do programa familiar, no qual todas as questões devem ser abordadas com naturalidade, no dia-a-dia, sem precipitação nem atraso. Aquilo que a criança não aprende no lar, certamente encontrará deformado em outros lugares, onde não existe dignidade nem interesse pela sua saúde moral.”

Assim, frente à realidade que vivemos hoje, onde nossas crianças e jovens são expostos a comportamentos vulgares nos veículos de massa, como internet e televisão, nos filmes e propagandas, torna-se imprescindível que tenham acesso a uma conversação sadia no lar, onde poderão tirar suas dúvidas em torno do sexo, assim como de outros temas diários abordados, entendendo a importância de cuidar do corpo, de respeitar seus limites, e as consequências que todas as nossas ações, boas ou ruins, trazem.

Aos pais, podemos reproduzir o que nos esclarece Emmanuel, espírito, sobre a educação sexual: “Ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo.” (Livro “O Consolador”, questão 184, psicografia de Chico Xavier).

Ainda Emmanuel, no livro Vida e Sexo: “Em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência.”

A doutrina espírita entende o sexo como vida. Analisando o estágio evolutivo em que nos encontramos, ele faz parte das nossas necessidades fisiológicas e espirituais, além de atender a uma das leis naturais, a Lei de Reprodução. Quando deixa de ser praticado somente como culto ao desejo e passa a ser praticado com discernimento, respeito e amor, funciona a serviço da felicidade e da harmonia do universo. É, pois, um atributo da natureza que exige educação, pois através dele emanam energias criadoras.

Assim como nos compromissos de nossa vida diária, os compromissos em torno do sexo também obedecem à lei de causa e efeito. Torna-se necessário então que nossos jovens apreendam os compromissos que assumem na vida sexual e na vida afetiva, entendendo que quaisquer excessos cometidos neste campo podem trazer desequilíbrios, que, em algum momento, afetarão eles mesmos.

Bibliografia

  • Paula Mendlowicz é carioca e formada em ciências biológicas pela UERJ. É espírita e colaboradora do Espiritismo.net.