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Todo mundo já deve ter ouvido dos pais que dinheiro não nasce em árvore, mas vai ficar difícil dizer isso daqui para frente. Pesquisadores na Austrália descobriram ouro em eucaliptos no Outback, nome pelo qual o deserto australiano é conhecido. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :30 Mar, 2014
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30 de março de 2014

Cientistas descobrem ouro crescendo em árvores no deserto australiano

Com raízes profundas, elas absorvem pequenas quantidades do minério e ganham folhas mais brilhantes

Todo mundo já deve ter ouvido dos pais que dinheiro não nasce em árvore, mas vai ficar meio difícil dizer isso daqui para frente. Pesquisadores na Austrália descobriram ouro em eucaliptos no Outback, nome pelo qual é conhecido o deserto australiano.

Uma equipe de improváveis garimpeiros recentemente se aventurou pelas terras áridas da região de Goldfields-Esperance, na Austrália Ocidental, procurando descobrir mais sobre o que estava por baixo do solo. A área ganhou seu nome por ser rica em depósitos de ouro — que eram, entretanto, notavelmente difíceis de se encontrar. Então os pesquisadores resolveram procurar em um lugar bem inusitado: as árvores.

Os eucaliptos dessa região são conhecidos por sua resiliência e pelas raízes que chegam até as profundezas inimagináveis para alcançar as águas subterrâneas necessárias para sua sobrevivência. Acontece que os depósitos de ouro estão lá embaixo também.

Indo atrás de um rumor que vem de tempos longínquos, que diz que as folhas das árvores conseguem seu brilho dourado desses depósitos, os cientistas analisaram as folhas de eucalipto da área — e puderam se assegurar de que há traços de ouro. Aparentemente, as raízes cresceram até dez andares de profundidade sob o solo e absorveram partículas de ouro das proximidades dos depósitos. Para se certificar que as partículas vieram do solo onde estavam as raízes, os pesquisadores cultivaram árvores de eucalipto numa estufa, usando solo preparado com ouro. E, mais uma vez, eles encontraram ouro nas folhas.

A concepção de que as plantas absorvem minerais do solo que as cerca é muito recente, mas este é um caso extraordinário. “O ouro provavelmente é tóxico para as plantas e é levado para as suas extremidades (como as folhas) ou em zonas preferenciais dentro de células, a fim de reduzir reações bioquímicas prejudiciais’, diz um estudo recente sobre a pesquisa, publicado na Nature Communications. Os autores também apontam que esta é a primeira evidência de partículas de ouro em amostras naturais de tecido biológico vivo.” E isso é importantíssimo.

Mas não pense que você pode ficar rico derrubando eucaliptos. Cada árvore tem uma quantidade tão pequena de ouro – 46 partes por bilhão, para ser exato – que você precisaria de centenas para conseguir fazer uma aliança de casamento. Mas as árvores poderiam ser usadas para indicar a localização dos depósitos subterrâneos de ouro. E como acredita-se aproximadamente 30% das reservas do mundo estão enterradas na região de Goldfields-Esperance, a busca pode valer a pena.

Notícia publicada no MSN Notícias , em 23 de outubro de 2013.

Breno Henrique de Sousa comenta*

Ouro em árvores

O homem está muito longe de desvendar todos os mistérios da natureza e, apesar do que conhece, esse conhecimento é insignificante perto dos mistérios que ainda estão por ser revelados. No ponto em que se encontra a ciência, somos facilmente tomados pela sensação de que já conhecemos a maior parte dos segredos da natureza, ou pelo menos que nos encontramos em um ponto muito avançado, mas, todos os dias, a natureza nos surpreende com grandes ou pequenos mistérios.

Não é raro também que muitas descobertas da ciência, como nesse caso, tenham sido possíveis pelas crenças ou observações populares mais ou menos supersticiosas. Digo, mais ou menos, porque muitas observações empíricas são bastante precisas, como o uso de algumas plantas medicinais por povos tradicionais, e, em tantos outros casos, certos conhecimentos populares vêm impregnados de significados supersticiosos, mas que guardam um fundo verdadeiro.

Os pesquisadores quase sempre seguem essas pistas, procuram entender como a coisa funciona e, por fim, chegam aos princípios básicos do fenômeno. Em algumas civilizações antigas, acreditava-se que oferendas feitas aos deuses no momento do plantio garantia uma melhor colheita. Acontece que essas oferendas, às vezes, eram dadas na forma de alimentos, como o peixe, que era enterrado no solo no local de plantio. A matéria orgânica depois de decomposta liberava substâncias nutritivas e isso de fato melhorava o resultado das colheitas, reforçando a crença no valor das oferendas aos deuses.

O Espiritismo tem função semelhante a da ciência no que diz respeito à desmistificação do mundo, com a diferença de que a ciência tradicional se ocupa de estudar os fenômenos da matéria e o Espiritismo se ocupa dos fenômenos espirituais. Muitas verdades sobre a vida e as leis que regem o mundo espiritual estão obscurecidas por um véu de superstições e crendices. É preciso estudar tais fenômenos desapaixonadamente, determinar quais são os princípios que os regem e despir os exageros que frequentemente os fazem parecer algo fantástico ou sobrenatural.

É difícil essa missão, sobretudo quando uma crendice qualquer possui um fundo de verdade oferecendo bases para sustentá-la. As meias verdades podem ser piores que as mentiras. Naturalmente, todos os conhecimentos tradicionais possuem uma beleza cultural que deve ser respeitada, porém, isso não deve ser obstáculo para que investiguemos o que se esconde por detrás desses fenômenos ditos maravilhosos. Desconheço outra doutrina que aborde esses temas de maneira tão racional sem ser materialista. Se por um lado não podemos crer em tudo apressadamente, é preciso também não cultivar a descrença sistemática. Afinal, com tantos mistérios por aí, é preciso ter olhos e ouvidos bem abertos.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.