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O pesquisador David Tolin, da Escola de Medicina da Universidade de Yale, quis descobrir o que acontece no cérebro dessas pessoas que entopem sua casa com objetos de que não precisam, como jornais velhos e lixo, ou até animais, comprometendo sua saúde e higiene. Claudio Conti comenta.

  • Data :16/08/2013
  • Categoria :

16 de agosto de 2013

Como funciona o cérebro dos acumuladores

Ana Carolina Prado

Há um reality show bastante comentado nos últimos meses que fala sobre acumuladores – ou pessoas que entopem sua casa com objetos de que não precisam, como jornais velhos e lixo, ou até animais. Muitos de nós somos meio bagunceiros (é só dar uma olhada na mesa de qualquer um aqui na redação da SUPER, por exemplo), mas o pessoal desse programa leva a coisa para outro patamar, comprometendo até a sua própria saúde e higiene, às vezes.

O pesquisador David Tolin, da Escola de Medicina da Universidade de Yale, quis descobrir o que acontece no cérebro desses acumuladores usando imagens obtidas com ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em inglês). Nesse trabalho, ele e sua equipe definiram o problema, chamado de acumulação compulsiva ou disposofobia, como “a aquisição excessiva e a incapacidade de descartar objetos, resultando em uma desordem debilitante”.

O método

O estudo, publicado este mês no Archives of General Psychiatry , analisou o cérebro de 43 adultos já diagnosticados com esse problema, outros 31 com transtorno obsessivo-compulsivo (o famoso TOC) e 33 saudáveis.

Cada um deles teve de levar uma pilha de papéis diversos de sua casa, como jornais e correspondências velhas. Os próprios pesquisadores também fizeram isso. Um grupo de 50 itens pertencentes a cada voluntário e outro de 50 levados pelos pesquisadores foram escaneados e projetados para os voluntários dentro da máquina de ressonância magnética.

Eles foram expostos a esses dois grupos e tiveram de decidir, pressionando um botão, se queriam guardar para si os itens exibidos ou se eles poderiam ser jogados fora. Depois (e em uma sessão mais curta de treinamento antes do experimento), os itens descartados foram rasgados na sua frente, para assegurar de que eles sabiam que suas decisões teriam uma consequência real e imediata.

Os resultados

As pessoas saudáveis escolheram descartar uma média de 40 dos 50 itens que haviam levado. As que tinham transtorno obsessivo-compulsivo jogaram fora cerca de 37 itens. Mas os acumuladores só descartaram cerca de 29 desses 50. Estes também levaram mais tempo para tomar a decisão (2,8 segundos contra 2,3 dos saudáveis) sobre o que fazer com suas coisas e  mostraram bem mais ansiedade, indecisão e tristeza do que os outros dois grupos ao fazer isso.

E tem mais: os exames de ressonância magnética mostraram que os acumuladores tinham diferenças importantes no cérebro, tanto no córtex cingulado anterior, associado com erros em certas condições, quanto na ínsula anterior, ligada à avaliação de riscos, importância de estímulos e decisões emocionais.

Embora os acumuladores mostrassem atividade mais baixa na atividade cerebral dessas regiões enquanto decidiam o que fazer com os itens de outras pessoas, a coisa se invertia quando se tratava de seus próprios pertences. Nesse caso, a atividade subia para níveis muito mais elevados em comparação com os outros grupos, o que, de acordo com os pesquisadores, “pode dificultar o processo de tomada de decisões, levando a uma maior sensação de incerteza do resultado”.

Assim, a conclusão foi a que os acumuladores não necessariamente precisam manter o que têm porque amam aqueles objetos. Na verdade, eles apenas evitam decidir o que fazer por causa do medo extremo de tomar a decisão errada jogando essas coisas fora (por acharem que poderão precisar delas mais tarde, talvez).

(Via Scientific American. E valeu, Carol Vilaverde!)

Matéria publicada na Revista Superinteressante , em 22 de agosto de 2012.

Claudio Conti comenta*

Esta é uma situação muito interessante: o artigo em análise foi retirado de um artigo de outra revista, a Scientific American, que, por sua vez, se baseou no artigo científico original. O “link” para o artigo intitulado “Brain Scans of Hoarders Reveal Why They Never De-Clutter” da revista Scientific American é http://blogs.scientificamerican.com/observations/2012/08/06/scans-of-hoarders-brains-reveal-why-they-never-de-clutter/ . Enquanto que o “link” para o artigo científico intitulado “Neural Mechanisms of Decision Making in Hoarding Disorder” publicado na Journal of American Medical Association - Psychiatry é http://archpsyc.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1307558 .

Os acumuladores, como são denominados, eram considerados como um tipo de transtorno obsessivo compulsivo. Todavia, havia indicações de que poderia se tratar de outro tipo de enfermidade, apesar de haverem pontos em comum. A Associação Americana de Psiquiatria é responsável pela elaboração de um compêndio apresentando as diferentes enfermidades e os sintomas, sendo utilizado como diretriz pelos médicos para fins de diagnóstico. A quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Desordens Mentais [Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5)] publicado em maio de 2013 traz, além de outras novidades, a dissociação entre a acumulação compulsiva ou disposofobia e transtorno obsessivo compulsivo sendo, a partir de então, considerada como uma outra desordem.

O estudo científico apresenta uma comparação entre aqueles diagnosticados com transtorno obsessivo compulsivo e os diagnosticados como acumulação compulsiva. Os cérebros de indivíduos com as enfermidades e sadios foram comparados através de ressonâncias magnéticas. Os resultados corroboram com o fato de se tratarem de duas enfermidades, pois as regiões do cérebro onde ocorre as disfunções são distintas. Foi identificado, portanto, que os pacientes com este tipo de desordem apresentam dificuldades de identificar o significado emocional dos estímulos, geração de resposta emocional apropriada ou regular o estado afetivo durante a tomada de decisão.

Na abordagem espírita considera-se que, apesar da dificuldade ser observada no cérebro físico, não é nele que ela reside, mas no espírito imortal que experenciou inúmeras outras encarnações e que, em decorrência da resposta pessoal aos diversos estímulos, que são as experiências que vivenciou, desenvolveu a dificuldade em questão. Como o espírito elabora o corpo físico ao longo da encarnação, até mesmo durante a gestação, imprime nele as dificuldades que deverão ser trabalhadas, desta forma, pode-se compreender o motivo pelo qual as enfermidades em geral são percebidas no corpo.

O tratamento médico é sempre necessário, haja vista que o corpo traz a sequela, todavia, o espírito também deverá ser tratado adequadamente para a sua reabilitação. Desta forma, o tratamento espiritual em uma casa espírita alinhada com os ensinamentos apresentados na Codificação Kardequiana e a frequência em estudos serão ferramentas imprescindíveis para a transformação pessoal e, consequentemente, o tratamento definitivo.

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .