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‘Qual o sentido da existência? Que papel desempenho nela?’ Premidos pelas urgências da vida, ou fascinados pelas distrações que o mundo oferece, costumamos colocar essas perguntas de lado em nosso atarefado dia a dia. Sonia Maria Ferreira da Rocha comenta.

  • Data :19 Jul, 2013
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19 de julho de 2013

Quem sou eu? Em busca da sua história pessoal

Com informações da Agência Fapesp

Distraídas da vida

“Quem sou eu? Qual o sentido da existência? Que papel eu desempenho nela?”

Premidas pelas urgências da vida prática, ou fascinadas pelas distrações que o mundo oferece, as pessoas costumam colocar essas perguntas de lado em seu atarefado dia a dia.

Simplesmente as descartam ou adiam, à espera de um “depois” que, muitas vezes, nunca chega.

Foram, no entanto, perguntas desse tipo que impulsionaram a filosofia desde antes dos gregos.

E, diante de uma grande crise ou de uma imprevista guinada na trajetória existencial, são elas que irrompem na tela da consciência, cobrando a atenção que merecem.

Historiobiografia

Essas perguntas estão no centro das preocupações da professora Dulce Critelli, do Departamento de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que acaba de lançar um livro sobre o assunto.

Com poucas páginas e leitura fluente, mas conteúdo denso e longamente elaborado, o livro História pessoal e sentido da vida apresenta o fundamento filosófico do método terapêutico-educativo desenvolvido pela autora, que ela chama de “historiobiografia”.

A professora Dulce emprega esse método tanto em sessões individuais de aconselhamento como em reuniões de grupo nas quais os participantes são direcionados e instrumentalizados para refletir sobre suas autobiografias e compreendê-las.

Questões filosóficas

“Descobri que muitos de nossos problemas decorrem menos de fatores psicológicos do que filosóficos. Não são os traumas, mas uma incompreensão do sentido da vida que os originam”, afirmou.

“Nessa perspectiva, a filosofia pode ser uma ferramenta fundamental. Quando pensamos, transformamos nossas crenças e, consequentemente, nosso modo de viver. A filosofia não é clínica, mas possui uma inequívoca força terapêutica, que reside naquilo que propriamente a caracteriza: sua estrutura reflexiva.

“Toda reflexão é um exercício de entendimento que retira os eventos de seu ocultamento (que vai do mero desconhecimento às interpretações corriqueiras) e os lança à luz”, disse.

Filosofia da existência

Essa estrutura reflexiva é o traço comum de toda atividade filosófica.

Mas a autora se pauta por uma escola filosófica específica, a da chamada “filosofia da existência”, desenvolvida por Martin Heidegger (1889-1976) e Hannah Arendt (1906-1975).

O livro de Dulce é fortemente calcado no pensamento de Heidegger e, mais ainda, no de Arendt, profusamente citado ao longo do texto.

Segundo Arendt, os eventos da vida precisam ser arranjados em uma história para podermos lidar com eles. Como a pensadora muitas vezes afirmou, citando uma frase da escritora dinamarquesa Karen Blixen (que escreveu sob o pseudônimo de Isak Dinesen): “Todas as mágoas são suportáveis quando fazemos delas uma história ou contamos uma história a seu respeito”.

É essa ideia que fundamenta a “historiobiografia” e constitui o tema central da história pessoal e do sentido da vida.

“Nossa existência pessoal não é um conjunto desconexo de eventos. Seu sentido se articula nas histórias que, consciente ou inconscientemente, contamos para nós mesmos. E, quando percebemos o fio de nossa existência, tornamo-nos muito mais disponíveis para fazer transformações. Descobrindo o padrão, descobrimos também o potencial de ação”, falou.

A linguagem que molda o mundo

Segundo Dulce, o padrão existencial se apoia em frases que as pessoas ouvem de outras ou que, acriticamente, dizem para si mesmas. Ela chama essas frases de “relatos”.

São afirmações curtas e fragmentadas, muitas vezes aprendidas na infância, e repetidas ao longo da vida. Perpetuando-se pela repetição, perpetuam também, como se fosse fatalidade, um determinado modo de ser.

Frequentemente os indivíduos se sentem prisioneiros desses padrões que eles mesmos ajudaram a criar. Quando trazem tais “relatos” para a luz da consciência e os submetem ao crivo da reflexão crítica, começam a se libertar de seu poder paralisante. E colocam ou recolocam suas vidas em movimento.

“Temos a ilusão de que moramos em um mundo significativo em si e por si mesmo. Mas, em si mesmo, o mundo é pura coisa. É nossa linguagem que o transforma em um mundo. Habitar o mundo é habitar a linguagem”, sublinhou Dulce.

Trata-se, então, de substituir os relatos acríticos e fragmentários que povoam a linguagem vulgar por uma história pessoal construída a partir da reflexão. A expectativa é que, ao se apoderar dessa história, o indivíduo simultaneamente se empodere. E deixe de ser vítima de uma imaginária fatalidade para se tornar senhor de si mesmo.

O livro História pessoal e sentido da vida , de Dulce Critelli, foi publicado pela Editora da PUC-SP. Mais informações podem ser obtidas no endereço www.pucsp.br/educ .

Notícia publicada no Diário da Saúde , em 9 de novembro de 2012.

Sonia Maria Ferreira da Rocha comenta*

Essa questão acompanhou por muito tempo a humanidade, antes de se conhecer a Doutrina Espírita. Todos os conceitos existentes vinham de suposições levantadas por historiadores, filósofos, teólogos que não conseguiam preencher do nosso interior.

Foi por intermédio das pesquisas de Kardec, espírito que veio com a função de esclarecer todas as nossas dúvidas existenciais, por intermédio de estudos fundamentados nas verdades de espíritos de luz, trabalhadores da seara de Jesus, que se mostrou “quem sou eu”.

É por intermédio das obras básicas da Doutrina codificada por Kardec que tomamos conhecimento da nossa origem, das nossas responsabilidades e, sobretudo, da Justiça Divina. E também o esclarecimento da reencarnação como uma bendita oportunidade que o Pai nos oferece a cada dia com o propósito de aprendizagem.

Somos espíritos imortais em busca da nossa melhoria espiritual. E somente de reencarnações em reencarnações é que alcançaremos a nossa melhoria espiritual.

Refletir sobre “Quem sou eu” é um exercício que devemos ter todos os dias a fim de caminhar com passos firmes e cristãos em busca da nossa perfeição.

Jesus nos disse que só chegaríamos ao Pai por Ele, ou seja, em seguir os seus ensinamentos, pelos exemplos que nos deixou.

Somos espíritos imperfeitos em busca da perfeição. Pois todos os que se encontram encarnados nesse planeta de provas e expiações têm dívidas a serem expiadas e o objetivo de galgar patamares melhores na sua escala evolutiva.

É difícil a caminhada, porque é através do trabalho de burilamento dos nossos vícios que conseguiremos melhorar nossas atitudes e subir um pouquinho, a cada dia, essa escalada. E, também, é muito sofrida, porque estamos enraizados no nosso orgulho, no nosso egoísmo, na nossa vaidade.

Somente com o exercício da reflexão do nosso interior, do caminhar com os ensinamentos do Mestre Jesus é que teremos a certeza de estar melhor a cada dia.

Quem sou eu, como filho, como pais, na minha casa, no meu trabalho, com o meu semelhante, ou seja, quem sou eu como filho de Deus?

É a resposta que devemos buscar para honrar o Pai que tanto nos ama e nos espera no seu reino.

  • Sonia Maria Ferreira da Rocha reside em Angra dos Reis, RJ, estuda o Espiritismo há mais de 30 anos e é colaboradora regular do Espiritismo.net.