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A hora do almoço em um canteiro de obras em Vitória é momento de música. Um operário troca a enxada pelo piano, e as mãos que fazem cimento e quebram paredes em uma obra no centro da capital capixaba se transformam diante das teclas. Claudio Conti comenta.

  • Data :09 Nov, 2012
  • Categoria :

15 de novembro de 2012

Operário aprende a tocar piano sozinho no Espírito Santo

Mãos que fazem cimento e quebram paredes em uma obra no centro de Vitória se transformam diante das teclas.

Mário Bonella Vitória, ES

A hora do almoço em um canteiro de obras em Vitória é momento de música. Um operário troca a enxada pelo piano, e as mãos que fazem cimento e quebram paredes em uma obra no centro da capital capixaba se transformam diante das teclas.

O barulho do trabalho pesado não impedia que uma harmonia diferente invadisse o canteiro de obra. “O som parecia de piano, não sabia se era rádio ou alguém tocando. Era um som muito agradável”, afirma o ajudante de pedreiro Rony Chagas. O som vinha do segundo andar, onde havia aulas de piano.

Para Rony, que trabalhava no andar de baixo, na garagem, a melodia despertou um desejo. “Estava doido para tocar, mas tinha vergonha de pedir. Sabia um pouquinho”, afirma o operário. Logo a dona da casa ficou sabendo.

“Um trabalhador me abordou dizendo que o Rony tocava, então falei para irmos lá em cima”, afirma Alba Aguiar. Quando Rony entrou na sala e viu o instrumento, ficou muito nervoso e sua mão tremia. Aos 19 anos, era a primeira a vez na vida que chegava perto de um piano.

A cada música tocada, era maior o encantamento e a surpresa. Rony nunca fez aula, nunca teve um professor de piano. Não sabe nem os nomes da maioria dos compositores e das músicas que toca. Conta que aprendeu sozinho, praticando em casa em um teclado velho que pertencia ao irmão, e, principalmente observando outros pianistas.

Agora, todo dia, na hora do almoço, Rony larga a enxada e vai para o piano. Descalço, de capacete. É como se o pianista fosse mais um da platéia, que é, no caso, a turma da obra, que se ajeita ali no sofá para ver e ouvir.

Como não lê partituras, tirava as músicas de ouvido. Isso até o mês passado, quando a prática do pedreiro pianista ganhou ajuda profissional. Uma apresentação na obra foi gravada e entregue na faculdade de música. A professora gostou, convidou e Rony começou a fazer aulas de piano.

“Com poucas explicações, já está lendo as frases dos ritmos com muita rapidez. Significa um potencial imenso e realmente raro”, diz a professora Raquel Morais. Rony vai para as aulas depois do trabalho. Na obra e no piano, vai tocando a vida.

Notícia publicada na página do Jornal Hoje , em 3 de outubro de 2012.

Claudio Conti comenta*

Em todas as épocas da humanidade, sempre houve pessoas como o Rony, não apenas com dons para a música, mas para as mais variadas atividades, desde as consideradas mais simples quanto aquelas consideradas mais complexas. Devemos sempre lembrar que a denominação de simples ou de complexo é relativa ao grau de entendimento e conhecimento daquele que a executa.

A Doutrina Espírita veio esclarecer, dentre tantas coisas, a possibilidade de alguém realizar uma atividade qualquer para a qual não teve treinamento adequado e, inclusive, qualquer tipo de contato.

A teoria das reencarnações múltiplas diz que o espírito nasce e morre diversas vezes ao longo do tempo, passando para as denominações de “encarnação” e “desencarnação”.

A teoria da psique apresentada pelo psiquiatra Carl G. Jung traz o conceito de inconsciente coletivo, que é a herança de toda a humanidade em todos os tempos, estando disponível para todos, sendo que alguns, em decorrência de processos específicos, teriam acesso mais intenso.

Joanna de Ângelis, no livro Triunfo Pessoal , diz que o que Jung denominou de inconsciente coletivo é, na verdade, a experiência do espírito em outras encarnações, que ficaria armazenada na memória, porém fora do acesso da região denominada de consciente, onde ficariam armazenadas as experiências da encarnação atual. Portanto, este conhecimento não seria coletivo, como postulou Jung, mas particular ao próprio indivíduo.

Desta forma, todos os eventos como este demonstram que a teoria da reencarnação apresentada pela Doutrina Espírita é válida e o fato de não termos acesso completo a este conhecimento está exposto muito claramente n’O Livro dos Espíritos (Capítulo VII - Da Volta do Espírito à Vida Corporal, questões 392 a 399) e n’O Evangelho Segundo o Espiritismo (Capítulo V - Bem-Aventurados os Aflitos, item 11).

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .