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A mãe de Babila Teixeira Marcos, de 24 anos, morta com golpes de faca no apartamento onde morava, na Zona Sul de São Paulo, disse ao G1 que já havia alertado a filha sobre o risco de viver sob o mesmo teto do marido. André Henrique de Siqueira comenta.

  • Data :18/09/2012
  • Categoria :

22 de setembro de 2012

Ela estava dormindo com o inimigo, diz mãe de ex-modelo morta em SP

Babila Teixeira Marcos foi assassinada no apartamento em que morava. Marido é o principal suspeito; ele segue internado após tentar se matar.

Paulo Toledo Piza Do G1 SP

A mãe da ex-modelo Babila Teixeira Marcos, de 24 anos, morta com golpes de faca há dez dias no apartamento onde morava, na Zona Sul de São Paulo, disse na tarde deste sábado (14) ao G1 que já havia alertado a filha sobre o risco de viver sob o mesmo teto do marido. Principal suspeito do crime, ele tentou se matar após esfaquear a mulher, segundo a Polícia Civil.

“Tinha dito para ela: ‘Você está dormindo com o inimigo’”, afirmou a comerciante Rosana Teixeira Marcos, de 49 anos. Ainda abalada pela perda da única filha, a mulher lembra com tristeza do relacionamento conturbado da jovem. “Ele não era ciumento: era possessivo”, disse.

O namoro começou havia quatro anos e desde o início os pais de Babila não gostaram do genro. A jovem, que desejava ser atriz, largou o sonho e a carreira de modelo, se afastou dos amigos e do trabalho pelo novo amor.

Contrariando a vontade dos pais, saiu da casa onde vivia, em São Bernardo do Campo, no ABC, para morar na capital paulista com o marido. O clima entre genro e sogros, que já não era bom, piorou cada vez mais. Rosana e o marido, o também comerciante Alexandre Marcos, de 52 anos, não frequentavam o lar da filha, e o marido dela não os visitava.

Quando a filha se encontrava com os pais, o celular dela não parava de tocar. “De cinco em cinco minutos ele ligava, querendo saber onde e com quem estava”, disse a mãe. Os atritos passaram a se tornar mais constantes e, há pouco mais de dois anos, Babila foi ameaçada de morte. Segundo Rosana, na ocasião sua filha ligou desesperada, dizendo que estava trancada num banheiro porque o marido dizia que iria matá-la com um revólver.

Os ânimos se esfriaram e mãe, filha, genro e parentes dele foram parar no 35º Distrito Policial, no Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo. Nenhuma queixa foi dada, mas o relacionamento entre o casal acabou. Temporariamente.

Retorno

A jovem voltou à casa dos pais, prestou vestibular e entrou em uma faculdade de publicidade. Também conseguiu emprego como vendedora. Meses depois, porém, o ex descobriu onde ela trabalhava e foi procurá-la. Babila resolveu dar uma segunda chance. “Ela era muito boa. Não enxergava o lado podre das pessoas.”

Os pais não gostaram da atitude da filha e deixaram de conversar com ela. Pouco tempo depois, porém, a ex-modelo procurou Rosana e Alexandre para contar que estava grávida. Eles decidiram, a contragosto, mas em nome da criança, deixar as diferenças de lado.

O genro, segundo Rosana, aparentemente também mudara bastante. “Ele estava bonzinho, mas sempre controlador.” Além de afastá-la de amigos, ele controlava até as roupas que a jovem usava. “Ele a tratava como um troféu”, acrescentou Alexandre.

Apesar da beleza, Babila havia abandonado de vez as passarelas e passou a dedicar a vida à família. Comovidos, os pais dela venderam a casa em que moravam, passando a viver de aluguel. Com parte do dinheiro, abriram uma empresa de distribuição de água para a filha. Os galões eram estocados nos fundos do comércio de pipas de propriedade do pai dela e onde Rosana também trabalha.

O convívio diário aproximou as duas mulheres. Uma semana antes de ser assassinada, a jovem procurou a mãe para desabafar. “Ela contou que não sentia mais nada pelo marido e que iria se separar assim que o filho fosse batizado. Mas não teve tempo para isso.”

Morte

Na tarde de 4 de julho, dia em que o Corinthians enfrentou o Boca Juniors na final da Copa Libertadores, no estádio do Pacaembu, Rosana e Alexandre insistiram para que a filha ficasse com eles no ABC. A filha, porém, insistiu que tinha combinado ir a um churrasco com o marido na casa de amigos deles. “Quando ela chegou, me passou um rádio. Dei recomendações de mãe, coisa normal. Ela brincou e disse: ‘Ok, patroa’. Foram as últimas palavras que ouvi dela.”

Amigos do casal disseram a Rosana que o suspeito e sua mulher não brigaram durante o churrasco. A discussão que terminou no assassinato ocorreu já na madrugada do dia seguinte, no apartamento deles, na Rua Barrânia, no Jabaquara.

Segundo a polícia, o homem esfaqueou a ex-modelo e, em seguida, tentou se matar. De acordo com a delegada Lisandreia Colabuono, da 2ª Delegacia da Mulher, o irmão do autor do crime encontrou os dois. A modelo já estava morta e o marido, inconsciente. Ele havia perdido muito sangue. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o suspeito permanecia neste sábado (14) internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, também na Zona Sul.

Foi descartada a possibilidade de participação do irmão do suspeito no crime, segundo Lisandreia. Após ser liberado do hospital, o homem deverá ser encaminhado para a carceragem do 26º Distrito Policial, no Sacomã, também na Zona Sul de São Paulo, e responderá por homicídio qualificado.

O filho do casal agora vive com os avós maternos. Eles disseram já ter entrado na Justiça com o pedido de guarda do garoto. Por enquanto, ele pergunta pouco pelos pais. No sábado, quando o menino viu o carro de Babila sendo manobrado e disse “mamãe”, seu avô, com pesar, respondeu: “É a vovó que está no carro. A mamãe está no céu”.

Agora, Rosana se esforça para realizar um sonho de sua filha: a festa de aniversário de 2 anos do neto em um bufê infantil. “Mexendo nas coisas dela, meu esposo encontrou, grudado na certidão de nascimento do menino, algumas notas de dinheiro com um bilhete escrito: ‘Para o bufê do meu filho’”, contou Rosana. “Minha filha era apenas uma comerciante e dona de casa. Ela queria só ter uma pequena família feliz.”

Notícia publicada no Portal G1 , em 15 de julho de 2012.

André Henrique de Siqueira comenta*

“Aprendestes que foi dito: Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. - Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” - Jesus (S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)

Comentando este trecho do Evangelho de Mateus, Allan Kardec faz a seguinte anotação em O Evangelho Segundo o Espiritismo :

“Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.

Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas ideias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.”

O amor aos inimigos não representa uma atitude de displicência ou de acomodação perante o erro alheio. A vida é uma escola de regeneração das almas e nela todos somos convidados ao reajustamento de nossas condutas. O indivíduo que atenta contra a integridade do próximo estará submetido à lei humana e divina como devedor a quem será cobrada a devida reparação.

Contudo, não podemos confundir a Justiça com a vingança e é imperioso considerar o perdão como instrumento de reconstrução de nosso equilíbrio moral. Mesmo os nossos inimigos, diante da história imortal na qual estamos inseridos como Espíritos, um dia se transformarão em irmãos equilibrados e maduros a quem deveremos respeito e consideração. Figuremos uma criança que durante a fase de bebê tivesse urinado na roupa vistosa de um dos desavisados tios… Seria justo que o tio guardasse eterna mágoa do bebê? A consciência de que o bebê não está de posse de toda a sua maturidade levaria naturalmente a vítima do atentado a uma atitude de perdão. Assim seremos diante de nossos inimigos quando a maturidade moral lhes alcançar os Espíritos em desenvolvimento. O exercício do perdão é, ao mesmo tempo, uma forma de libertação da alma que sofreu a fustigação alheia. O perdão é atitude de higiene mental que nos livra dos resíduos malfazejos disseminados pelo outro. Mas evitemos contaminar a água da vida com o sentimento de remorso…

Se pudermos evitar, pela previdência, oração e vigilância, que o mal nos acolha, evitemos aqueles a quem não podemos dedicar a nossa atenção com confiança… Mas se o mal alheio nos alcançou nas lides do caminho, saibamos perdoar para que nosso coração se liberte e entreguemos o malfeitor para a justiça humana ou divina, na expectativa de que o futuro lhe traga o amadurecimento e, um dia, nos painéis da eternidade, estaremos reunidos novamente para o acerto das dificuldades no tribunal eterno do amor.

  • André Henrique de Siqueira é bacharel em ciência da computação, professor e espírita.