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A Organização das Nações Unidas fez um apelo à comunidade internacional para combater a grave crise alimentar que atinge mais de 12 milhões de africanos do Quênia, Etiópia, Djibuti, Somália e Eritreia – países que compõem o chamado “Chifre da África”. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :30 Sep, 2011
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Nordeste africano precisa de intervenção urgente, diz ONU

A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo à comunidade internacional nesta segunda-feira (25) para combater a grave crise alimentar que atinge o nordeste da África. Segundo o organismo, é necessária uma intervenção “urgente” para acabar com a crise que já atinge mais de 12 milhões de africanos do Quênia, Etiópia, Djibuti, Somália e Eritreia – países que compõem o chamado “Chifre da África”.

O anúncio foi dado durante reunião na sede da Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) em Roma. Lá estão reunidas agências da ONU e representantes governamentais de vários Estados-membros, além de ministros da Agricultura de diversos países. Eles debatem a situação humanitária nessa região do planeta, onde o que preocupa é, sobretudo, a saúde das crianças.

Segundo a Unicef, mais de 500 mil crianças correm o risco de uma morte “iminente” como consequência de uma “desnutrição grave”. “A catastrófica seca no Chifre da África requer uma ação em massa e urgente”, disse, durante a abertura da cúpula, o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf.

Diouf afirmou que é necessário US$ 1,6 bilhão nos próximos 12 meses para enfrentar a emergência humanitária. O que mais preocupa as Nações Unidas é a situação de 2,3 milhões de crianças que sofrem de desnutrição aguda tanto na Somália quanto na Etiópia e no Quênia – esses dois últimos países estão recebendo o maior fluxo de refugiados somalis.

“O que nos mais preocupa é o estado das crianças, a fome das crianças, que estão tão frágeis. Elas têm apenas 40% de chances de sobreviver”, afirmou a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, Josette Sheeran, durante entrevista coletiva após o encontro.

Segundo Sheeran, que esteve na região recentemente, algumas das mães somalis admitiram que abandonaram suas crianças pelo caminho quando fugiam para os países vizinhos por não terem mais condições de cuidarem delas. Sheeran disse ainda que, apesar de a Somália ser “um dos lugares mais perigosos” da África, nem todo o país é inacessível e, por isso, já foi possível levar ajuda humanitária a 1,5 milhão de pessoas, enquanto a cada dia cerca de 300 pessoas são atendidas em Mogadishu, a capital da Somália.

“Temos que trabalhar com os governos (da região) para estabelecer redes de segurança que protejam os mais vulneráveis, como as mulheres grávidas e em período de lactação, as crianças em seus primeiros mil dias de vida e os idosos, as pessoas com deficiência e os doentes crônicos”, diz um comunicado elaborado pela presidência da FAO.

Além disso, preocupam os problemas que os trabalhadores das organizações humanitárias enfrentam para ter acesso ao sul da Somália, quase totalmente controlado pela milícia fundamentalista islâmica Al Shabab, vinculada à rede terrorista Al Qaeda. A Al Shabab continua sem autorizar a passagem da ONU para que leve ajuda à população da região e assegura que a recente declaração da crise de fome se trata de uma “propaganda”.

“A situação é dramática. Possivelmente é uma das piores crises e afeta de forma dilacerante os mais vulneráveis, as crianças e as mulheres”, disse, durante seu comparecimento no plenário do encontro, Soraya Rodríguez, secretária de Estado de Cooperação Internacional da Espanha.

Soraya, que recentemente viajou à região para observar os estragos provocados pela seca, explicou que os campos de refugiados do Quênia estão recebendo uma média de 1,3 mil pessoas por dia que fogem da crise de fome na Somália.

A diretora-executiva do PMA, Josette Sheeran, afirmou que nesta terça começa a ser operada uma espécie de ponte aérea entre Europa e o Chifre da África para levar ajuda humanitária à região. Serão disponibilizados alimentos e outros produtos de consumo básicos.

Lucas Hackradt , com Agência EFE

Matéria publicada na Revista Época , em 25 de julho de 2011.

Claudia Cardamone comenta*

Allan Kardec perguntou aos Espíritos, em O Livro dos Espíritos , por que Deus deu a algumas pessoas a riqueza e o poder e a outras a miséria. Eles assim responderam: “- Para provar a cada um de uma maneira diferente. Aliás, vós o sabeis, essas provas são escolhidas pelos próprios Espíritos, que muitas vezes sucumbem ao realizá-las”.

A doutrina espírita nos esclarece que o espírito para evoluir deve passar pelas vicissitudes do mundo material, pois é através da experiência, de estar aberto a ela, que o espírito adquire virtudes e se modifica.

Kardec perguntou se os espíritos somente podem melhorar através do sofrimento e das tribulações da existência corporal, onde a vida material seria uma espécie de depurador de crivo por onde deve passar todos os seres do mundo espiritual a caminho da perfeição. Os espíritos responderam: “-Sim, é bem isso. Eles melhoram através dessas provas, evitando o mal e praticando o bem. Mas somente depois de muitas encarnações ou depurações sucessivas é que atingem, num tempo mais ou menos longo, e segundo seus esforços, o alvo para o qual se dirigem”.

Rapidamente podemos pensar que estes espíritos que reencarnaram nestas regiões da África quiseram passar por tal situação para progredir e expiar erros do passado, então devemos deixá-los vivenciar esta dura experiência sem tentar diminuir-lhes a pena. Mas este pensamento é um enorme equívoco, porque eles também são uma prova para todos nós que estamos sentados confortavelmente numa mesa em frente ao nosso computador ou notebook, vestidos e alimentados. Porque cabe a nós também o exercício da caridade, da boa ação.

O espírito Bernardim escreveu, em O Evangelho segundo o Espiritismo , em 1863:

“- Já vos dissemos e repetimos, muitas vezes, que estais na terra de expiação para completar as vossas provas, e que tudo o que vos acontece é consequência de vossas existências anteriores, as parcelas da dívida que tendes a pagar.  Mas este pensamento provoca em certas pessoas reflexões que devem ser afastadas, porque podem ter funestas consequências.”

“Pensam alguns que, uma vez que se está na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam o seu curso. Há outros que chegam a pensar que não somente devemos evitar de atenuá-las, mas também devemos contribuir para torná-las mais proveitosas, agravando-as. É um grande erro. Sim, vossas provas devem seguir o curso que Deus lhes traçou, mas acaso conheceis esse curso? Sabeis até que ponto elas devem ir, e se vosso Pai Misericordioso não disse ao sofrimento deste ou daquele irmão: “Não irás além disto.” Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício, para agravar o sofrimento do culpado, mas como bálsamo consolador, que deve cicatrizar as chagas abertas pela sua justiça?”

“[…] Oh! Considerai-vos sempre como o instrumento escolhido para fazê-la cessar. Resumamos assim: estais todos na Terra para expiar; mas todos, sem exceção, deveis fazer todos os esforços para aliviar a expiação de vossos irmãos, segundo a lei de amor e caridade.”

Não adianta, hoje em dia, pensar que a Africa está muito longe, porque além de podermos ajudar com as orações, num mundo globalizado, onde podemos comprar produtos diretamente da África e de outros continentes, onde podemos investir e multiplicar nossas riquezas, é muito provável que encontremos diversas formas de ajudar estes e outros irmãos distantes. A oportunidade da boa ação sempre existe porque a escolha é nossa.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.