Carregando...

  • Início
  • Meditação muda estrutura do cérebro, diz estudo

A pesquisa, publicada hoje na ‘Psychiatry Research: Neuroimaging’, foi feita pela Harvard Medical School, nos Estados Unidos, junto a um instituto de neuroimagem da Alemanha e a Universidade de Massachussets. Luiz Gustavo C. Assis comenta.

  • Data :06 Jun, 2011
  • Categoria :

Meditação muda estrutura do cérebro, diz estudo

MARIANA VERSOLATO DE SÃO PAULO

De olhos fechados, em silêncio e, de preferência, sentados, os praticantes da meditação de atenção plena devem se concentrar em apenas uma coisa: a respiração.

A técnica é antiga, da tradição budista, mas começou a ser mais difundida depois de ter sido usada em um curso não religioso de redução de estresse, criado em 1979 por Jon Kabat-Zinn, professor da Escola Médica da Universidade de Massachussets.

Os benefícios da técnica, conhecida também como “mindfulness”, já foram relatados em vários estudos.

A lista vai da melhora de sintomas de esclerose múltipla (como diz estudo publicado na “Neurology”) à prevenção de novos episódios de depressão (demonstrada em artigo na “Archives of General Psychiatry”).

Mas, agora, um estudo mostra, pela primeira vez, os efeitos provocados por essa meditação no cérebro.

A pesquisa, publicada hoje na “Psychiatry Research: Neuroimaging”, foi feita pela Harvard Medical School, nos EUA, em conjunto com um instituto de neuroimagem da Alemanha e a Universidade de Massachussets.

E o mais importante: as mudanças ocorreram em apenas oito semanas de meditação em praticantes adultos iniciantes.

As conclusões foram feitas após comparações entre as ressonâncias magnéticas dos que praticaram a meditação e de um grupo-controle que não fez as aulas.

Outros estudos já haviam sugerido que a meditação causa mudanças no cérebro. Mas eles não excluíam a possibilidade de haver diferenças preexistentes entre os grupos de meditadores experientes e não meditadores.

Ou seja, não era possível afirmar se os efeitos eram causados pela prática.

MENOS ESTRESSE

Todos os 16 participantes da pesquisa, com idades de 25 a 55 anos, deveriam obedecer a um critério: não ter feito nenhuma aula de meditação “mindfulness” nos últimos seis meses ou mais de dez aulas em toda a vida.

Eles frequentaram oito encontros semanais, com duração de duas horas e meia.

Também foram instruídos a fazer 45 minutos de exercícios diários e a praticar os ensinamentos da meditação em atividades do dia a dia, como andar, comer e tomar banho.

Para avaliar as mudanças, todos os participantes e o grupo-controle fizeram ressonâncias magnéticas antes e depois do período de aulas.

Os exames iniciais não indicaram diferenças entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso mostraram um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo naqueles que haviam meditado.

Análises do cérebro todo revelaram mais quatro aumentos de massa cinzenta: no córtex cingulado posterior, na junção temporo-parietal e mais dois no cerebelo.

BENEFÍCIOS

Britta Hölzel, pesquisadora da Harvard Medical School e uma das autoras do estudo, disse à Folha que isso pode significar uma melhora em regiões envolvidas com aprendizagem, memória, emoções e estresse.

O aumento da massa cinzenta no hipocampo é benéfico porque ali há uma maior concentração de neurônios, afirma Sonia Brucki, do departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.

“Antes, acreditava-se que a pessoa só perdia neurônios durante a vida. Agora, vemos que podem brotar em qualquer fase da vida, e determinadas atividades fazem a estrutura do cérebro mudar.”

Isso significa que o cérebro adulto também é plástico, capaz de ser moldado.

No ano passado, um estudo dos mesmos pesquisadores já mostrava redução da massa cinzenta na amígdala cerebral, uma região relacionada à ansiedade e ao estresse, em pessoas que fizeram meditação por oito semanas.

Mas qualquer um que começar a meditar amanhã terá esses mesmos efeitos benéficos em algumas semanas?

“Provavelmente sim”, diz a neurologista Sonia Brucki.

Ela ressalta, no entanto, que a idade média dos participantes da pesquisa é baixa e, por isso, não dá para afirmar com certeza que isso acontecerá com pessoas de todas as idades.

Agora, a pesquisadora Britta Hölzel quer entender como essas mudanças no cérebro estão relacionadas diretamente à melhora da vidas das pessoas.

“Essa é uma área nova, e pouco se sabe sobre o cérebro e os mecanismos psicológicos relacionados a ele. Mas os resultados até agora são animadores.”

Notícia publicada em Folha.com , em 30 de janeiro de 2011.

Luiz Gustavo C. Assis comenta*

Qual a influência da mente sobre o corpo?

Há muito tempo os pesquisadores procuram responder a esta pergunta. Sabe-se que a mente influencia no bem estar físico e no adoecer, mas a qual ponto?

A pesquisa em destaque vem nos mostrar, através de dados científicos, a confirmação daquilo que os estudiosos da mente nos dizem há muitos séculos, mas que ainda não havia sido provado cientificamente. Vem, ainda, confirmar, mais uma vez, aquilo que já foi dito pelos espíritos superiores na codificação. Analisemos a questão 370, de O Livro dos Espíritos :

Pergunta: “Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento dos do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?

Resposta: “Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”

Percebe-se, desta forma, que os espíritos que responderam à questão já destacavam que é a mente que influencia no desenvolvimento do cérebro, conforme nos relata a reportagem da Folha de São Paulo: “Os exames iniciais não indicaram diferenças entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso mostraram um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo naqueles que haviam meditado” .

Assim, a meditação pode, e deve, ser utilizada como ferramenta, auxiliar, no tratamento para combater a depressão, a esclerose múltipla, conforme relata a reportagem, e muitos outros males que assolam a sociedade contemporânea. Os efeitos benéficos, conforme nos mostra a pesquisa, são causados não apenas por causa de uma percepção subjetiva, mas de mudanças físicas no cérebro.

Entretanto, o destaque que devemos dar à reportagem vai além dos benefícios da prática da meditação para a saúde física. Vem nos demonstrar, e lembrar, que somos espíritos em uma jornada no corpo e que o espírito possui primazia sobre o físico, e não o contrário, conforme nos alerta um espírito superior ao responder a questão 196-a, de O Livro dos Espíritos : “Teu Espírito é tudo; teu corpo é simples veste que apodrece: eis tudo.”

  • Luiz Gustavo C. Assis é psicólogo, trabalhador do Centro Espírita Maranhense, em São Luís do Maranhão, e da equipe do Espiritismo.net.