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A sociedade vive a cultura do sucesso, em que é preciso estar sempre bem e com o discurso de que tudo dará certo. ‘Uma boa gripe pode te lembrar que você, na realidade, não passa de pó’, diz o colunista Luiz Felipe Pondé. Gert Bolten Maizonave comenta.

  • Data :05/05/2011
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Luiz Felipe Pondé: Doenças nos ensinam a ser mais humildes

DE SÃO PAULO

O filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662) escreveu um texto sobre o bom uso das doenças. Para ele, ficar doente é bom, pois neste momento o homem consegue enxergar sua verdadeira condição.

Luiz Felipe Pondé , colunista da Ilustrada , concorda com o filósofo e relata uma situação recente em que reconhece ter ficado “um pouco mais humilde”.

Segundo ele, a sociedade vive a cultura do sucesso, em que é preciso estar sempre bem e com o discurso de que tudo dará certo. “Uma boa gripe pode te lembrar que você, na realidade, não passa de pó”, reconhece o colunista.

Notícia publicada em Folha.com , em 5 de março de 2011.

Gert Bolten Maizonave comenta*

Consequências do Orgulho

O sistema evolutivo divino é realmente perfeito. Até mesmo as imperfeições são instáveis e conduzem inexoravelmente à contínua melhora do ser.

A humildade, por exemplo, aumenta naturalmente à medida que a pessoa passa por experiências. Sócrates disse “Quanto mais aprendo, mas descubro o quanto não sei” ou “Tudo que sei é que nada sei.” Chico Xavier dizia-se “A pulga do leão”.

O expositor Paulo Cordeiro esclarece sobre o orgulho da seguinte forma: “Orgulho, definição segundo o Aurélio: Sentimento de dignidade pessoal, brio, altivez e conceito elevado ou exagerado de si mesmo. Definição da Doutrina Espírita: Imperfeição espiritual que demonstra ausência de humildade. O orgulho se contrapõe à humildade. Concluímos que o orgulho é um exagero de auto-valorização, como sendo uma opinião a nosso próprio respeito que não se iguala à nossa realidade interior.”

O artigo de Pondé nos oferece um exemplo vívido da dolorosa perplexidade que resulta de considerar a si mesmo um ser superior.

No capítulo 14, do Evangelho de Lucas, há o seguinte texto que ilustra bem o sentimento:

“Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola: Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar. Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.”

Estivera esta pessoa dedicando pequena fração da vida a cuidar dos necessitados, sentir-se-ia feliz com sua enfermidade, consciente dos males muito piores que afligem àqueles os seus próximos.

Outro verdugo que maltrata o colunista é o materialismo. Ao dizer que “não passamos de pó”, refere-se a todo seu ser como algo restrito ao seu corpo material, frágil casca que pode desintegrar-se a qualquer momento. Resulta deprimente saber que o fim da existência se aproxima a cada hora que passa. Nada como o sentimento resultante de saber-se um ser eterno, constantemente cuidado pelos irmãos mais velhos.

  • Gert Bolten Maizonave é gaúcho de Bento Gonçalves, estudante de eletrônica, trabalhador espírita desde 2000 e participa das atividades do Serviço de Perguntas e Respostas do Espiritismo.net desde 2004.