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Cientistas da Universidade de Zurique encontram uma área no cérebro que controla a confiança e a desconfiança. Dose de oxitocina é capaz de aumentar a ‘vontade’ de confiar em alguém. Jorge Hessen comenta.

  • Data :29/10/2008
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Hormônio pode acabar com medos e fobias sociais, diz estudo

Cientistas encontram uma área no cérebro que controla a confiança e a desconfiança. Dose de oxitocina é capaz de aumentar a ‘vontade’ de confiar em alguém

Por Michelle Vargas

Uma pesquisa realizada na Universidade de Zurique, na Suíça, identificou a área do cérebro que controla o sentimento de confiança – e, também, o de desconfiança. Isso foi possível através de dois jogos com um grupo de voluntários, cujos cérebros foram monitorados.

O grupo de cientistas, liderado por Thomas Baumgartner, criou uma forma de verificar os efeitos da oxitocina no desenvolvimento da confiança. Aos voluntários eram dadas algumas “unidades monetárias” que, ao fim do jogo, seriam convertidas em francos suíços (cada unidade valia 40 centavos de franco).

Os pesquisados, via computador, precisavam determinar quanto da moeda fictícia pretendiam “investir”, repassando essa quantia a outro membro do grupo. Essa segunda pessoa investiria essa quantia a seu critério e dividiria os lucros com o primeiro participante, caso quisesse. Por exemplo: se o investidor cedesse todo o dinheiro, mas o membro que representasse o gerente do banco optasse por não dividir o lucro, o investidor sairia sem nada.

As regras, obrigatoriamente, deixavam a decisão arriscada, pois dependia do quanto o investidor confiava na idoneidade do gerente do banco no outro lado. Os experimentos mostraram que os investidores que inalaram oxitocina confiaram mais nos gerentes do que os que receberam um placebo (substância sem efeito).

Depois desse resultado, ficou a dúvida: será que a influência da oxitocina consistia em aumentar o grau de confiança ou ela apenas fazia com que a percepção do risco envolvido diminuísse? Essa foi a segunda pergunta que o estudo respondeu, ao trocar a decisão do gerente humano por um resultado aleatório, produzido pelo computador.

Depois de informados de que a distribuição do lucro seria aleatória, transformando o investimento numa aposta de jogo de azar, tanto os voluntários que tomaram oxitocina como os que não tomaram ficaram igualmente cautelosos. Ou seja: ambos souberam avaliar igualmente os riscos, confirmando que a substância realmente regulava a confiança que uma pessoa tem em outra.

Os resultados, publicados na revista “Nature”, mostraram que o hormônio era capaz de reduzir a atividade cerebral nas áreas que controlam as sensações de medo e perigo e das que administram o comportamento futuro, de acordo com a possibilidade de receber uma recompensa. No entanto, isso só acontecia durante o primeiro jogo, que envolvia confiança – não no segundo, que trabalhava apenas com o risco.

A oxitocina

Essa substância foi encontrada em um tipo específico de roedores, que tende a ser monogâmicos. Baseados nisso, pesquisadores foram estudá-la para saber o que era e como funcionava.

A oxitocina é um hormônio produzido pelo hipotálamo e tem papel fundamental na amamentação e nas contrações uterinas pós-parto. Também está ligada à indução do trabalho de parto e ao processo de lactação. Mas ninguém sabia que ela participava de forma tão ativa em um processo como o da confiança.

De acordo com o terapeuta Geraldo Possendoro, especialista em comportamento, a oxitocina sensibiliza certas regiões do sistema límbico (cérebro emocional) que pode aumentar a freqüência do comportamento monogâmico. “Existem dados controversos que afirmam que, quanto mais potentes os orgasmos, maior a liberação de oxitocina. E se a mulher estiver ovulando nesse período, devido à necessidade de procriação, ela tende a ser mais monogâmica”, explica.

Vários especialistas a denominam como o “hormônio do amor”. Assim como a prolactina, a concentração de oxitocina aumenta 400% depois do orgasmo. “A suposta liberação dessa substância, somada a um relacionamento de afeto, talvez, aumentem as chances do casal manter-se unido e fiel por um longo período”, afirma Possendoro.

Notícia publicada no Portal iTodas .

Jorge Hessen comenta*

HORMÔNIO PODE ACABAR COM MEDOS E FOBIAS SOCIAIS? O ESPIRITISMO RESPONDE

Seria possível um hormônio controlar o nosso psiquismo de medos e fobias sociais? Segundo alguns pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, liderado por Thomas Baumgartner, “a oxitocina pode sensibilizar certas regiões do sistema límbico (cérebro emocional) e é capaz de aumentar a ‘vontade’ de confiar em alguém, ou seja, controla o sentimento de confiança – e, também, o de desconfiança [medo]."(1) Esse hormônio é produzido pelo hipotálamo, sendo fundamental na amamentação e nas contrações uterinas pós-parto. A sua liberação tem origem numa parte dos neurônios chamada dendritos. A descoberta supõe ajudar os cientistas a entender um pouco mais onde surge, no nosso cérebro, problemas neurológicos que afetam o comportamento social, como fobias ou, até, o autismo.

Afirma-se que, ao se “morrer de vergonha”, sentir o coração disparar, as mãos encharcadas de suor, o rosto queimar, um tremor que beira o desequilíbrio, simplesmente por ter que pedir uma informação trivial a um desconhecido, chama-se fobia social. A principal característica das fobias é a evocação de excessiva ansiedade, preponderantemente, por certas situações e determinados objetos. Esse sintoma deve-se à dificuldade de manifestação de solidariedade e fraternidade no mundo de hoje. O desenvolvimento dos centros urbanos criou a “síndrome da multidão solitária”. As pessoas estão lado a lado, mas suas relações são simplesmente de contigüidade.

As fobias mais comuns são: agorafobia, em que o indivíduo vivencia grande temor em se encontrar em lugares abertos e amplos, bem como em multidões e outras circunstâncias onde a possibilidade de saída ou fuga não se apresenta como uma alternativa fácil e imediata (trem, avião, metrô, etc.); claustrofobia (medo de lugares fechados); acrofobia (medo das alturas); ailurofobia (medo de gatos); antropofobia (medo de gente); zoofobia (medo de animais); xenofobia (medo de estranhos); e assim por diante. As fobias podem ocorrer juntamente com qualquer outro sintoma psicopatológico, podem fazer parte de variados graus de ansiedade e de depressão ou, ainda, em várias neuroses e psicoses.

Como seres sociais que somos, sabemos que muitas das nossas emoções só são desencadeadas após um processo de avaliação mental que é voluntário (livre-arbítrio), e não automático. Cientistas acreditam que a oxitocina seja responsável por quase toda ligação social e formação de laços entre mamíferos. Não duvidam de que isso inclua o amor entre nós humanos. “Tanto o amor, quanto as ligações sociais, servem para facilitar a reprodução, nos dar um senso de segurança e reduzir a ansiedade e o estresse”.(2) Vários especialistas denominam a oxitocina como o “hormônio do amor”. Afirma-se que, da mesma forma que a prolactina, a concentração de oxitocina aumenta 400% depois do ato sexual. Esse hormônio parece explicar, também, uma idéia nunca comprovada, mas extremamente difundida: a de que as mulheres amam mais que os homens.

O medo exagerado de ser traído, geralmente, é o primeiro sintoma de fobia social, um problema psicológico que pode, em casos mais graves, fazer o paciente se isolar ao extremo e, simplesmente, não sair de casa ou interagir com os outros. Nesses casos, a oxitocina pode se mostrar uma opção de tratamento. Diante da infidelidade conjugal, várias pessoas apresentam duas fases de reação: “protesto” e “desespero”. Na primeira, o sujeito se contorce, grita, chora, implora por uma nova chance. Já na segunda fase, a reação será muito parecida com a de pacientes em depressão: falta de vontade de interagir socialmente, perda de apetite, insônia e desinteresse por qualquer atividade. Pasmem! Nessa perspectiva, fantasia-se a possibilidade de garantir que nunca se sentiria a dor de uma traição com apenas o milagroso hormônio, cujo efeito colateral seria confiar cegamente em alguém. Um grupo de pesquisadores acredita que, no futuro, pode ser possível garantir a confiança de alguém com apenas um hormônio: a oxitocina. (acreditem se puderem!)

Graças aos ensinamentos espíritas, sabemos que, nos albores de sua evolução, predominam no homem as cargas instintivas. Na medida em que avança na escala da evolução, surgem as sensações. Com o passar dos milênios, irrompem os sentimentos – ponto fundamental para o desabrochar do amor. Na questão 938-a, de “O Livro dos Espíritos”, aprendemos o seguinte: “A natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem”.(3)

Como vimos acima, estudiosos crêem que o “amor” é a resultante de uma determinada reação química comandada pelo cérebro. (!?) Deste modo, sobressai-se a feniletilamina(4) produzida pelo organismo, à medida em que surge uma atração sexual intensa. A Dra. Hellen Fischer, estudiosa do tema, afirma que o romantismo tende a se desvanecer em pouco tempo. Fischer afirma, ainda, que existe outra substância relacionada ao “amor”: a oxitocina, que sensibiliza os nervos nas contrações musculares, mas o efeito dessas substâncias é pouco duradouro, resultando nas separações entre os casais, razão do grande número de divórcios.(5) (sic)

Nesses argumentos, absurdamente materialistas, os “especialistas” propõem uma análise dos sentimentos, apenas como resultante de um amontoado de forças nervosas, movimentando células físicas, regidas pela combinação de substâncias neurotransmissoras cerebrais. É totalmente despropositada essa tese que subestima a vontade, o pensamento e o livre-arbítrio do homem, portanto, de um ser racional, atribuindo, até mesmo, o “arrefecimento do amor” ao simples processo de descompensação hormonal e às alterações das combinações neuropsicoquímicas.

Como explicar os dramas pessoais no que tange a fobias da sociedade, senão pela reencarnação? O fato de havermos vivido várias vidas, valido-nos do livre-arbítrio para escolher como vivenciar as diversas oportunidades que nos são apresentadas, e com isso acumulado diferentes experiências durante este longo trajeto, graças a essas experiências podemos explicar os vários fenômenos psicológicos, as inumeráveis patologias psíquicas e físicas, os distúrbios comportamentais, etc.

Alguns se lembram de fatos que foram muito marcantes em existências passadas, como por exemplo: mortes trágicas, situações de muito medo, emoções fortes; mas essas lembranças são apenas fragmentos que emergem do inconsciente, quando algum fato provoca a lembrança dessas emoções ou acontecimentos de vidas passadas. Faz-se mister reconhecer que trazemos essas chagas de tempos imemoriais, mas que o próprio processo reencarnatório nos favorece a rearmonização interior. Quase sempre, imploramos, aos Benfeitores Espirituais, as condições necessárias para expurgarmos certas dores da alma através das síndromes psicológicas. É fácil explicar, portanto, que todos os nossos medos e fobias sociais, nossos hábitos, às vezes incompreensíveis, e todas as nossas qualidades morais, igualmente, são adquiridos através de muitas experiências reencarnatórias e, claro, não podem ser apenas reflexos da maior ou menor produção de oxitocina.

Referências:

  1. Disponível em http://itodas.uol.com.br/portal/em_foco/noticias/materia.itd.aspx?cod=4119&canal=590 , acessado em 27-10-2008;

  2. Disponível em http://super.abril.com.br/superarquivo/2003/conteudo_299302.shtml , acessado em 25-10-2008;

  3. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB ed. 2002, questão 983-a;

  4. Líquido oleoso, incolor, redutor enérgico, uso como reagente [fórm.: C6H8N2];

  5. Fischer , Helen. The Anatomy of Love, New York: Norton, 1992.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.