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Perder o emprego é mais traumático do que ficar viúvo ou divorciado, segundo um estudo divulgado na Alemanha, que analisou o nível de satisfação de centenas de pessoas. Jorge Hessen comenta.

  • Data :18 Oct, 2008
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Perder emprego ‘é mais traumático do que viuvez’

Perder o emprego é mais traumático do que ficar viúvo ou divorciado, segundo um estudo divulgado na Alemanha.

O estudo que, durante 20 anos, analisou o nível de satisfação de centenas de alemães, concluiu que acontecimentos importantes na vida de uma pessoa, como ter filhos ou casar-se podem trazer um grau maior de felicidade, mas apenas temporariamente, de acordo com pesquisa realizada na Alemanha.

O nível básico de felicidade de uma pessoa comum essencialmente permanece o mesmo durante toda a vida adulta, concluíram os pesquisadores em artigo na publicação especializada Economic Journal .

Mesmo depois de acontecimentos traumáticos e que causam grande infelicidade, as pessoas se recuperam.

Economistas da Grã-Bretanha, Estados Unidos e França, examinaram um processo psicológico chamado “adaptação” - a forma como os seres humanos ajustam seu humor a novas circunstâncias - boas ou más.

Desemprego

Voluntários alemães com idades entre 18 e 60 responderam a questionários no começo do estudo e depois, regularmente, durante duas décadas, que pediam que eles dessem uma medida para a sua própria felicidade.

No questionário também se pedia que eles mencionassem fatos importantes que ocorriam em suas vidas.

Os pesquisadores constataram que apenas a perda de um emprego causou uma redução mais duradoura do estado de espírito dos entrevistados, cinco anos depois da ocorrência.

O desemprego deprime mais os homens do que as mulheres, mas em outras ocorrências, de maneira geral, a reação entre os sexos é muito semelhante.

No caso de outros eventos traumáticos, tais como viuvez e divórcio, o estado de espírito foi abalado, mas depois houve uma recuperação.

Em eventos positivos, tais como casamento e paternidade, o impacto sobre as pessoas foi passageiro.

Os pesquisadores calcularam que a felicidade aumenta por ocasião do nascimento de um filho e fica nesse patamar durante dois anos antes de o estado de espírito do pai ou mãe voltar ao normal.

Yannis Georgellis, da Universidade de Brunel, na Inglaterra, que participou da elaboração do estudo, disse que suas conclusões sugerem que o velho ditado de que “o tempo cura tudo” pode ser verdadeiro em muitos casos.

Segundo ele, o seu estudo reforça a tese de outros trabalhos que dizem que as pessoas se recuperam de acontecimentos negativos muito depressa. “Há alguma literatura sobre pessoas que se tornaram paraplégicas que, quando entrevistadas poucos anos depois, tinham níveis de felicidade similares aos de pessoas que não foram afetadas desta maneira.”

“Da mesma forma, há estudos de pessoas que ganharam na loteria que não são mais felizes no longo prazo”, acrescentou.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 14 de julho de 2008.

Jorge Hessen comenta*

PERANTE A PERSPECTIVA DO MEDO, MANTENHAMOS A FÉ EM DEUS

O maior temor de quem tem emprego, hoje, é perdê-lo. A demissão é traumática, sem dúvida, e para muitos é mais trágico, ainda, do que ficar viúvo ou divorciado, consoante estudo divulgado, recentemente, na Alemanha. Durante 20 anos, a pesquisa analisou o nível de satisfação de centenas de alemães. O estudo apontou uma tendência em que o nível básico de felicidade de uma pessoa comum, essencialmente, permanece o mesmo durante toda a vida adulta.

Em outra pesquisa, realizada com trabalhadores de várias empresas, afastados por distúrbios psíquicos, foram observadas “as manifestações do desgaste mental no trabalho e identificadas as várias conexões entre a vida laboral e as condições gerais de vida. Dentre esses aspectos, o medo surgiu como fator importante de avaliação, já que a sanção mais temida, por todos os funcionários afastados, era a demissão”.(1)

Há outros estudos que fazem referências ao processo psicológico chamado “adaptação” - forma como os seres humanos ajustam seu humor a novas circunstâncias - boas ou más. Yannis Georgellis, da Universidade de Brunel, na Inglaterra, que participou da elaboração de um determinado estudo, “disse que suas conclusões sugerem que o velho ditado de que ‘o tempo cura tudo’ pode ser verdadeiro em muitos casos."(2) O seu estudo reforça a tese de outros trabalhos que dizem que as pessoas se recuperam de acontecimentos negativos, rapidamente. “Há alguma literatura sobre pessoas que se tornaram paraplégicas que, quando entrevistadas poucos anos depois, tinham níveis de felicidade similares aos de pessoas que não foram afetadas desta maneira."(3) Da mesma forma, “há estudos de pessoas que ganharam na loteria que não são mais felizes no longo prazo”.(4)

Uma situação de crise econômica e agravamento da insegurança, como nos dias de hoje, alteram as relações sociais, sobretudo no trabalho. Há, nessa conjuntura, uma relação entre o social e o trabalho, e o sujeito na organização será afetado por isso, aumentando seu medo e sofrimento.

Estudos afirmam que, numa grande empresa ou empresa supermoderna, só existe lugar para superempregados, que devem ser super-homens: bonitos, felizes, altamente qualificados, que não cometem erros, enfim, perfeitos e isso já é uma superparanóia. Essas fobias coexistem com a culpabilidade, pois, dificilmente, o trabalhador estará à altura das exigências da organização e do ideal que se procura atingir. Destarte, o indivíduo, nas organizações, vive o sonho de onipotência e perfeição, e a empresa, obviamente, sabe lidar com essa fragilidade a seu favor, cobrando, cada vez mais, num processo vil de robotização, da consciência dos mais frágeis (os empregados). Nesta sociedade alucinada pelo ter e não pelo ser, facilmente, o medo instala-se nos temperamentos frágeis, nas constituições emocionais de pouca resistência, de começo no indivíduo, depois na sociedade.

“O excesso de tecnologia gerou ausência de solidariedade humana, que provoca uma avalanche de receios."(5) O modelo de relação de trabalho atual é cruel. O sujeito que, dentro da organização, assiste a diversas demissões, vê vários de seus colegas serem “despedidos”, e que tem medo de ser a próxima vítima, sabe que a falta de proteção é uma das causas de sua angústia. Em verdade, o mercado é volátil. Histórias de desemprego de longa duração e de situações em que o trabalhador não consegue mais voltar para o mercado formal se repetem. Diante dessa perspectiva, cada individuo deverá se preocupar com a sua segurança, rompendo com os laços emocionais, exaltando o individualismo e aumentando a competição dentro da empresa.

Nessa situação de instabilidade sociopolítica e econômica, é comum os trabalhadores não se lembrarem de Deus, mas urge reconhecer que o Criador não esquece os trabalhadores, cujas atividades dignas desenvolvem os valores reais do Espírito. Deus a todos estende sua misericórdia. É bem verdade que Ele nos dá respostas que nem sempre correspondem às nossas expectativas. Senão, vejamos: Pedimos o que desejamos , mas Deus nos dá o que precisamos .

Os “tempestacões” (tempestades e furacões) da experiência humana simbolizam as advertências do Criador, ensejando-nos mudança de rumo. Simonetti lembra que “A doença respiratória, o lar em desajuste, a dificuldade financeira, a perda do emprego , o acidente automobilístico, são situações constrangedoras que nos perturbam. Pedimos a ajuda divina. Deus vem em nosso auxílio, mas é preciso que nos disponhamos a tomar o barco do futuro, deixando, no passado, velhas tendências. Podemos considerar, na mesma seqüência, que: O tabagismo afeta os pulmões. A incompreensão conturba o relacionamento afetivo. A indisciplina nos gastos faz rombos nas contas. A displicência profissional resulta em demissão . A irresponsabilidade no trânsito favorece desastres”.(6) (grifamos)

A pouca disposição de encarar nossos erros e desacertos, como causa de nossas dificuldades e problemas, neutraliza a ação divina em nosso benefício. As crises sugerem mudanças. Se não mudamos com elas, sempre nos sentiremos abandonados por Deus, incapazes de identificar o socorro divino. Ficar livre do medo? Eis aí o âmago da questão, pois o temor é desarmonia e desintegração emocional. O medo não existe só sob uma sensação de ser punido, de perder o emprego, do insucesso, mas o temor do próprio medo. O medo é um sentimento de grande inquietação, quando estamos diante de um perigo real, um perigo imaginário ou uma ameaça. É, portanto, um sintoma de insegurança, proveniente da falta de fé em Deus, em certas situações da vida, mas que precisam ser bem trabalhadas na mente cristã.

Para nós, estudiosos do Espiritismo, a solução para o medo é, sem dúvida, “a fé que remove montanhas, mostrando-nos o rumo da vitória. É, igualmente, a certeza da reencarnação, a certeza de que a vida terrena não é mais do que um longo dia perante a eternidade real da vida do Espírito. Somos seres pensantes e imortais e, ante essas verdades, podemos enriquecer a nossa atividade mental, indefinidamente, rumo aos objetivos superiores. Podemos desenvolver recursos que nos conduzam a um relacionamento humano e social, através do trabalho solidário e fraternal, aprendendo a entender as dores e angústias dos nossos companheiros, a ter compaixão, e, finalmente, “a amar o próximo como a nós mesmos”. Fundamentalmente, a fé deve apoiar-se na razão, para não ser cega.

Na mensagem do Mestre, aprendemos a lição de otimismo vivo, fator psicológico esse capaz de renovar nossos pendores, obstando que o medo, a depressão e a angústia se apossem de nossa mente.

Se algum trabalhador perde o emprego, ou se os amigos o abandonam, outras oportunidades surgirão, outros amigos estarão presentes. “E o dínamo gerador deste otimismo é a fé. Se a situação for tão aflitiva que não observamos a saída, confiemos e sigamos em frente com alegria, pois a vida eterna está a nossa frente, e jamais estará só aquele que contribui para a construção do reino de amor e paz."(7)

Confiemos, plenamente, na Inteligência Suprema que, providencialmente, administra a vida, sabendo que Ele, a Causa primeira de todas as coisas, é Soberanamente Bom e Justo, e que nos seus estatutos não há espaços para injustiças. Certamente, agindo assim, ao olharmos para trás, teremos uma percepção diferente dos fatos que nos aconteceram e perceberemos que todas as experiências, boas ou más, cooperaram para o nosso bem, mediante as quais o ser progride sempre!

Referências:

  1. Castelhano, Laura Marques. O MEDO DO DESEMPREGO E A(S) NOVA(S)ORGANIZAÇÕES DE TRABALHO, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, disponível em http://www.scielo.br/pdf/psoc/v17n1/a03v17n1.pdf , acessado em 08/10/2008;

  2. Disponível em http://www.bbcbrasil.com.br/ , acessado em 09/10/2008;

  3. idem;

  4. idem;

  5. Helena, Rejane de Santa. Artigo intitulado “Medo”, publicado na Revista Eletrônica O Consolador, Ano 1 - N° 7, 2007;

  6. Simonetti, Richard. Abaixo a Depressão, SP: 4ª Ed., Ed. CEC (págs. 107 a 111);

  7. Helena, Rejane de Santa. Artigo intitulado “Medo”, publicado na Revista Eletrônica O Consolador, Ano 1 - N° 7, 2007.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.