Bebê e mãe sobrevivem à gravidez rara
Médicos de São Paulo estão comemorando um nascimento raro. O repórter José Roberto Burnier explica por quê.
Uma mãe encantada diante do filho recém-nascido. Uma rotina, não no caso de Maria Benedita. Grávida do segundo filho, ela passou por todos os exames do pré-natal. E, apesar de sentir muitas dores, os médicos dos postos de saúde diziam que estava tudo bem.
Aos cinco meses e meio de gravidez, Maria Benedita decidiu fazer um exame mais detalhado porque ela ficou grávida com mais de 40 anos de idade. E foi no Hospital das Clínicas, numa ressonância, que ela descobriu que a gravidez dela era um caso raro, de altíssimo risco. O neném que deveria estar no útero, estava perto do estômago, fora do útero.
O embrião se desenvolveu no espaço entre o estômago e o útero e teve ajuda decisiva de uma camada de gordura chamada epiplon, que serve como mecanismo de defesa para o organismo. O epiplon envolveu a placenta e fez as vezes de útero.
A gravidez abdominal ocorre em menos de 1% dos casos. A chance de o neném sobreviver é de apenas 5% e da mãe de 60%.
Para evitar o pior, a gravidez é interrompida, mas Maria Benedita decidiu correr o risco. Depois de duas horas de cirurgia, Waldir Gabriel nasceu aos oito meses, com dois quilos e 42 centímetros.
“Ele foi um verdadeiro herói. Ele conseguiu encontrar um espaço para garantir o seu crescimento e desenvolvimento e ganhar vida. Na verdade a gente não sabia o que poderia encontrar e ao abrir a cavidade abdominal a surpresa foi essa: levou a esse resultado que você está vendo aqui, esse sorriso aqui não tem preço”, disse um dos médicos.
“Mas eu venci, graças a Deus”, disse a mãe.
Graças a Deus, aos médicos, à camada de gordura e principalmente a Waldir Gabriel, que já nasceu vencedor.
Notícia publicada no site do Jornal Nacional , em 7 de julho de 2008.
Claudia Cardamone comenta*
A Doutrina Espírita não só nos explica como nos demonstra através de uma filosofia lógica e coerente que não existe o acaso, a sorte ou coincidência. Waldir Gabriel não nasceu por uma questão de sorte, mas por vontade e determinação dele, enquanto espírito, em não recuar ante a prova.
Os Espíritos são claros em “O Livro dos Espíritos”, nas questões 334 e 335:
“334. A união da alma com este ou aquele corpo está predestinada, ou no último momento é que se faz a escolha?
O Espírito escolheu encarnar neste corpo, sabendo que passaria por difícil prova para sustentar a gestação. Mas os Espíritos ainda falam o seguinte, no mesmo livro citado anteriormente:
“347. Que utilidade pode ter para um espírito a sua encarnação num corpo que morre poucos dias depois de nascer?
Encontrando-se em um estado mais ou menos perturbado, e cuja memória só será recobrada quando retornar ao seu estado de Espírito, pode-se chegar a uma conclusão que esta gravidez foi uma prova mais importante para a mãe do que para o filho. É claro que esta suposição baseia-se em dados incompletos, porque não se possui todos os conhecimentos necessários, mas chega-se a esta conclusão levando em consideração o grau de consciência e livre-arbítrio das pessoas envolvidas.
Frente aos dados estatísticos sobre a sobrevivência do feto e da mãe, cabia a esta a decisão de interromper a gravidez ou não. Para ela, a prova era importante porque nenhuma das decisões passíveis de serem tomadas estavam equivocadas, pois na questão 359 Kardec pergunta se no caso da mãe estar correndo risco de morte pelo nascimento da criança, haveria crime em sacrificar a criança para salvar a mãe? Os Espíritos assim responderam: “É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.”
Ela decidiu correr o risco, numa prova de fé e amor, e frente ao resultado final, satisfeita e feliz ela diz: “Mas eu venci, graças a Deus.”