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Cena gravada por celular revela a desinibição de uma menina de 13 anos, em companhia de outros adolescentes, em plena atividade sexual, em festa durante horário escolar. Jorge Hessen comenta.

  • Data :13 Apr, 2008
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Mãe denuncia sexo em festa com adolescentes

Guilherme Goulart Do Correio Braziliense

A cena, gravada por uma câmera de celular, choca. Revela a desinibição de uma menina de 13 anos em uma cama, onde aparece na companhia de outros adolescentes em plena atividade sexual. O cenário é uma festa realizada em horário escolar, animada por música funk e regada a refrigerante e vodca. No dia seguinte, o vídeo circula no colégio onde estudam todos os envolvidos, pára na internet e chega às mãos da mãe da garota, uma empregada doméstica de 38 anos. Revoltada, a mulher denuncia o caso à polícia. Os envolvidos acabam acusados de estupro presumido porque a menina, embora tenha consentido, tem menos de 14 anos.

O escândalo ocorreu em Luziânia, município goiano distante 58km do Plano Piloto, no início da semana. A orgia promovida por 15 adolescentes com idades entre 13 e 16 anos se deu no início da tarde de segunda-feira. Participaram dela estudantes de dois colégios públicos locais, que se reuniram na casa do pai de um deles. A garota de 13 anos teria praticado sexo com seis colegas em menos de duas horas. Enquanto isso, outras três meninas da festa protagonizavam cenas de striptease. A polícia só descobriu o caso porque a mãe da jovem de 13 anos entregou as imagens feitas pelos adolescentes à polícia na terça-feira.

Ao todo, 18 pessoas prestaram esclarecimentos ontem na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (DPAI) de Luziânia. Entre elas, o dono da casa no Setor Mandú, de 44 anos, e o filho dele, de 18 — o imóvel fica nas proximidades da escola dos jovens. “Os menores disseram que esse tipo de festa ocorre há cerca de um ano, normalmente na saída da aula. Os maiores sabiam o que acontecia lá dentro, mas nada fizeram”, afirmou a policial civil Fabiana de Oliveira, uma das investigadoras responsáveis pelo caso.

A maioria dos adolescentes identificados nas gravações admitiu o ato infracional. “Ninguém forçou nada, não. Ninguém a obrigou a nada”, resumiu um garoto de 16 anos, que prestou depoimento no início da tarde. Ele estuda à noite e foi convidado para a festa por uma das meninas presentes no local. “Uns palhaços filmaram e saíram espalhando as imagens por aí. Se não fosse isso, ninguém saberia. Mas me arrependo de tudo que fiz. Se soubesse que era crime, o que ainda acho que não é, nem teria me metido nisso tudo”, encerrou o garoto.

“Horrorizada”

A própria menina de 13 anos confirmou ao Correio que permitiu as relações sexuais. Disse ainda que transou com um dos meninos sem camisinha. “Foi a primeira vez que participei disso. E aconteceu a mesma coisa com outras duas garotas, só que elas não estavam lá”, contou. A mãe recebeu as imagens de uma conhecida da filha, que ficou assustada com o vídeo que circulava em vários celulares de alunos da escola — pela manhã, o vídeo parou no site YouTube. “Estou horrorizada. Sabia que ela não era virgem, mas não imaginava que chegaria a esse tipo de coisa”, afirmou a mãe (leia Depoimento).

A mulher levou a filha à Clínica Especializada de Luziânia, onde a jovem passou por exames ginecológicos. Fará teste de gravidez e exames de sangue para descobrir se contraiu alguma doença. Envergonhada, a empregada doméstica quer mudar de cidade e não pretende deixar a filha voltar à escola local. O pai, que trabalha em uma lanchonete no Plano Piloto, soube de tudo pelo telefone. Largou ontem o emprego no meio do expediente para encontrar a família. A menina tem duas irmãs: uma de 10 e outra de 18 anos.

Com base nos depoimentos e na análise das imagens recuperadas pela polícia, a titular da Dpai, delegada Dilamar Aparecida Souza, apontou cinco autores do estupro presumido. O ato sexual com menores de 14 anos contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente (DCA), independentemente do consentimento. Apesar de não terem se envolvido na prática sexual, os dois adultos responderão por omissão. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público local, que denunciará os acusados à Vara da Infância e da Juventude da cidade.

DEPOIMENTO - MARIA, 38 ANOS, MÃE DA ADOLESCENTE

“Estou horrorizada, perdida, não sei o que dizer ou o que pensar. Sabia que ela não era virgem, mas não imaginava que chegaria a esse tipo de coisa. Quando acontece com um filho nosso, a gente fica se culpando, pensando no que fez de errado. O vídeo que fizeram foi uma burrice. Mas uma burrice boa, pois permitiu que eu soubesse o que estava acontecendo. Tenho consciência de que fiz o certo ao denunciar o caso à polícia. Mas também tenho medo do que pode acontecer comigo. Tenho medo da reação dos outros, que não entendem por que fiz tudo isso. Sei que fui corajosa, mas tenho medo. Ontem (quarta-feira) foi o último dia de aula da minha filha aqui. Vamos embora deste lugar. Vejo hoje que nunca deveria ter saído da roça. Vejo tudo isso como uma oportunidade perdida de vencermos na vida. Agora acabou.”

Notícia publicada no Correio Web , em 28 de março de 2008.

Jorge Hessen comenta*

SEXO E JUVENTUDE

  • “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.” * (1)

Problemas sociais pavorosos acontecem diariamente na face da Terra e, normalmente, não nos comovemos e nem damos os olhos para muitos episódios!! Ao contrário, através da mídia, espetacularizamos os dramas, as tragédias, as dores acérrimas dos outros, no conforto de um sofá.

Constrangeu-nos ler notícia sobre mãe de uma adolescente que denunciou orgia em festa com a sua filha de 13 anos. Ela que aparece em cenas de plena atividade sexual em  filmagem veiculada na Internet. O ambiente é uma festa realizada em horário escolar em Luziânia, município de Goiás, distante 58km de Brasília. O cenário é embalado por música funk e regado a refrigerante e vodca . Conforme a reportagem, os envolvidos foram acusados de estupro presumido porque a menina, embora tenha consentido, tem menos de 14 anos. A menor teria praticado atos sexuais com seis colegas num interregno de duas horas. Enquanto isso, outras três meninas da festa protagonizaram cenas de striptease .

A agonia da mãe da adolescente está expressa nos estertores verbais de seu desabafo: “Vamos embora deste lugar. Vejo hoje que nunca deveria ter saído da roça. Vejo tudo isso como uma oportunidade perdida de vencermos na vida. Agora acabou.”

Esse tétrico fato nos remete à filosofia do prazer que impulsiona a recondução do adolescente à era das cavernas, fazendo-o mergulhar nos subterrâneos das orgias e, aí, entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio, pela busca do prazer alucinado do gozo imediato.

Antes de comentarmos o fato, evoco uma frase de André Luiz: “Se alguém errou na experiência sexual, consulte o próprio íntimo e verifique se você não teria incorrido no mesmo erro se tivesse oportunidade” .(2)

Luziânia é um pequeno município de gente tradicional, pacífica por natureza, que, lamentavelmente, a modernidade e os meios de comunicação ajudaram a quebrar os valores regionais e introduzir uma cultura estranha e alienante, sem fronteiras. Valores como o amor, a liberdade, a justiça e a fraternidade, na prática, perderam o conteúdo essencial, deslustrando as conquistas sociológicas deste século.

A juventude está muito atônita, sem alicerces morais fortes, iludida, com influências muito sensualistas. Nos anais da História, jamais um jovem teve contatos tão intensos com mensagens erotizantes como nos dias atuais, graças à Internet.  Em face disso, perambula sem norte, perdido, confundindo a palavra liberdade com liberalidade, amor com prazer. E assim, aos poucos, esse jovem vai se afastando do seu equilíbrio e de sua paz. Resultante desse fenômeno de ausência de amor e carinho nos anseios da juventude contemporânea. O que explica, em parte, os inúmeros adolescentes se achando donos de seus corpos,  caindo na prostituição hodierna.

O período da puberdade, que normalmente vai dos doze aos catorze anos, é cheio de surpresas. O corpo sofre modificações hormonais muito rápidas, o que pode deixar alguns jovens à beira do pânico. No livro Missionários da Luz, André Luiz narra: “a epífise é a glândula da vida mental. Aos catorze anos, aproximadamente, torna-se de posição estacionária quanto a ação inibidora sexual, dando agora passagem para o desenvolvimento da sexualidade e das glândulas genitais. Ela acorda no organismo, na puberdade, as forças criadoras mentais e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal (…) segrega «hormônios psíquicos» ou «unidades-força» que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Ela preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata, de certo modo, os laços divinos da Natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas, pelo aprimoramento da alma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura se acha investida.” (3)

O adolescente precisa entender as mudanças no seu corpo, especialmente no que diz respeito à função sexual. Precisa encarar a experiência de uma brutal mudança na maneira de encarar a vida, que agora precisará ser levada a sério; tem de ensaiar os primeiros passos no caminho do amor. E tem de fazer tudo isso com ar de naturalidade, pois é assim que se espera que ele passe por essa fase.

É nessa fase que o Espírito reassume sua verdadeira condição, apresentando a partir daí todos os seus defeitos e virtudes. É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como ele era. Por esse motivo, na adolescência as emoções se confundem, havendo grandes alternâncias de humor. Euforia e tristeza se alternam sem razões aparentes que justifiquem o fato. Pode-se amar profundamente alguém num dia e passar a detestá-lo na semana seguinte por causa de ninharias.

Emmanuel, na obra Vida e Sexo, explica que na adolescência a energia sexual, que é uma energia criadora, pode ser extravasada, ainda que parcialmente, através de outras atividades, já que não convém que o jovem assuma vida sexual plena nessa fase de sua existência. Isso devido a fatores sociais, econômicos, éticos e psicoemocionais. “As atividades esportivas, artísticas e culturais de um modo geral podem contribuir positivamente para equilibrar os impulsos sexuais do adolescente. A energia sexual nos seres primitivos, situados nos primeiros degraus da emoção e do raciocínio, e, ainda, em todas as criaturas que se demoram voluntariamente no nível dos brutos, a descarga de semelhante energia se opera inconsideradamente. Isso, porém, lhes custa resultados angustiosos a lhes lastrearem longo tempo de fixação em existências menos felizes, nas quais a vida, muito a pouco e pouco, ensina a cada um que ninguém abusa de alguém sem carrear prejuízo a si mesmo. Porém, que criatura alguma, no plano da razão, se utilizará dela, nas relações com outra criatura, sem conseqüências felizes ou infelizes, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe der.” (4)

É ainda Emmanuel que nos alerta: “conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar “consciências” qual se fossem “coisas”, e se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada um?” (5)

A natureza não autoriza ninguém a estabelecer liberdade indiscriminada para as relações sexuais, que resultariam unicamente em licença ou devassidão. Como já referimos, existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações irresponsáveis, homens e mulheres psiquicamente não muito distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos, que devem evitar arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, sob pena de lesões n’alma de difícil tratamento.

André Luiz admoesta: “Não julgue os supostos desajustamentos ou falhas reconhecidas do sexo e sim respeite as manifestações sexuais do próximo, tanto quanto você pede respeito para aquelas que lhe caracterizam a existência, considerando que a comunhão sexual é sempre assunto íntimo” .(6)

Óbvio que é importante o jovem exercitar a fazer a viagem para dentro de si mesmo, a fim de que possa aprender a se conhecer e, se conhecendo, aprender a se amar respeitosamente. Uma juventude sem Deus, que não concebe a importância de uma religião, que não dá valor à família, fica muito difícil ajustar-se a ela, quaisquer que sejam as bases desse ajuste. Se não aprender a administrar seus conflitos no seio da família, dificilmente o fará no relacionamento interpessoal da comunidade humana. Por essas razões nos resta orar pelas mães de adolescentes que se encontram, nesse instante, sob os aguilhões do sexo pelo sexo, sem consciência do amor.

Referências:

1- JOÃO, cap. VIII. 2- Xavier, Francisco Cândido, Sinal Verde, ditado pelo Espírito André Luiz, BH: Ed.CEC – Comunhão Espírita Cristã, 1992. 3- Xavier, Francisco Cândido, Missionários da Luz , ditado pelo Espírito André Luiz RJ: Ed FEB 2000. 4- Xavier, Francisco Cândido, Vida e Sexo , ditado pelo Espírito André Luiz RJ: Ed FEB 2003. 5- idem. 6- Xavier, Francisco Cândido, Sinal Verde, ditado pelo Espírito André Luiz, BH: Ed.CEC – Comunhão Espírita Cristã, 1992.

  • Jorge Hessen é servidor público federal, metrologista, Bacharel em História, Bacharel em Estudos Sociais, professor, expositor, articulista, escritor, espírita e colaborador do Espiritismo.net, além de manter um site pessoal: http://jorgehessen.net .